Há flores que despertam encanto à primeira vista. E há flores como a peônia-chinesa, que além da beleza visual, carregam séculos de simbolismo, histórias e presença marcante nos mais variados estilos de paisagismo. Também conhecida pelo nome científico Paeonia lactiflora, essa planta originária da Ásia Central e do nordeste da China conquistou o mundo com suas pétalas volumosas, coloração delicada e perfume doce, que evocam tanto romance quanto imponência.
Trata-se de uma espécie perene de raiz tuberosa, adaptada a regiões de inverno rigoroso e verões amenos. É exatamente esse ciclo sazonal definido que permite que a planta entre em dormência e, posteriormente, floresça com intensidade. “A Paeonia lactiflora precisa do frio para florescer bem, por isso seu cultivo em regiões mais altas do Sul e Sudeste do Brasil tem se mostrado mais promissor”, explica a engenheira agrônoma Gabriela Tanaka, especialista em espécies ornamentais e cultivo em clima subtropical.
Características e nomes populares
Além de “peônia-chinesa”, a flor também é conhecida como “rosa-sem-espinhos”, e seus nomes populares se relacionam à aparência que remete a uma rosa, mas com flores ainda mais densas e exuberantes. As variedades mais comuns apresentam tons de rosa claro, branco, creme e até roxo intenso, mas híbridos mais modernos também oferecem nuances em coral, amarelo ou mesclas encantadoras.

A estrutura da peônia é outro espetáculo à parte: suas folhas são profundamente recortadas, de um verde vivo, e formam uma touceira densa que permanece bonita mesmo quando a planta não está em flor. “Além da beleza das flores, o conjunto da planta tem valor ornamental — seja em canteiros, bordaduras ou mesmo em vasos espaçosos, se respeitadas suas exigências”, pontua o paisagista Márcio Damiani, que já utilizou a espécie em projetos de jardins sensoriais e clássicos.
Versatilidade e época de floração da Peônia-chinesa
A floração ocorre no fim da primavera e início do verão, com picos geralmente entre outubro e dezembro, dependendo da região. Aliás, o momento da floração é efêmero — dura cerca de 10 dias por botão —, o que contribui para a aura quase mística da peônia. Talvez por isso, no Japão, China e Coreia, a flor seja frequentemente associada à nobreza, ao luxo e à feminilidade. Na medicina tradicional chinesa, suas raízes são utilizadas há séculos, enquanto na arte, a peônia é presença constante em pinturas, bordados e até porcelanas históricas.

Versátil, essa flor se adapta bem tanto em composições clássicas quanto em jardins mais modernos. Pode ser cultivada isoladamente, para protagonizar canteiros, ou em agrupamentos que criam uma massa floral impressionante. A escolha de variedades mais compactas, como as da série Sarah Bernhardt, favorece seu cultivo em vasos, desde que se mantenha o solo fértil, levemente ácido, profundo e com excelente drenagem.
Cuidados essenciais para prosperar
Para prosperar, a Paeonia lactiflora exige atenção a alguns pontos cruciais: sol pleno (ou ao menos seis horas diárias de luz direta), solo enriquecido com matéria orgânica e regas regulares — sempre com cuidado para não encharcar. A adubação deve ser feita no fim do inverno e após a floração, preferencialmente com compostos ricos em fósforo e potássio, que estimulam raízes e flores. “Um erro comum é plantar peônias muito profundamente. O ideal é que os brotos fiquem a no máximo 2 cm da superfície. Isso garante que o frio atinja os rizomas, o que é essencial para a florada futura”, alerta Gabriela Tanaka.
Outro detalhe importante: após a floração, as hastes devem ser podadas, mas o restante da folhagem deve permanecer intacto até que seque naturalmente, contribuindo para a reserva energética da planta. Nas regiões mais quentes do Brasil, como o Centro-Oeste ou o Norte, o cultivo em vasos com refrigeração controlada ou em ambientes de altitude é uma alternativa para apreciar essa flor emblemática.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.