Imponente e de presença quase escultural, a palmeira-sagu (Cycas revoluta) conquista olhares e corações em projetos paisagísticos pelo mundo. Apesar do nome popular, não se trata exatamente de uma palmeira, mas sim de uma planta cícada – um grupo botânico considerado verdadeiro fóssil vivo, que carrega consigo registros evolutivos de milhões de anos. Originária do Japão e de outras regiões do sudeste asiático, ela combina rusticidade com um apelo visual exótico, encaixando-se perfeitamente tanto em composições tropicais quanto em jardins mais minimalistas.
Segundo a paisagista Luciana Corrêa, da Arvoredo Paisagismo, o que torna a palmeira-sagu tão especial é a harmonia entre suas folhas rígidas, de um verde profundo e brilhante, e o porte compacto que permite seu cultivo em espaços variados. “Ela tem um crescimento lento, mas isso é justamente o que a torna tão valorizada em projetos de longa duração, onde a intenção é formar uma composição sólida e elegante com o passar dos anos”, explica.
A beleza que pede respeito
Não é raro que uma planta de presença tão marcante venha acompanhada de ressalvas. No caso da Cycas revoluta, a principal está relacionada à sua toxicidade. Todas as partes da planta contêm uma substância chamada cicasina, que pode ser extremamente tóxica para animais domésticos e até mesmo para humanos, caso seja ingerida. Isso inclui folhas, sementes e raízes. Ainda assim, com um manejo responsável, a planta continua sendo uma excelente opção para o paisagismo.

“É preciso apenas saber onde e como utilizá-la. Ambientes públicos ou residências com crianças e pets soltos no jardim talvez não sejam ideais. Já espaços de contemplação, áreas externas com canteiros isolados ou vasos grandes permitem seu uso seguro e muito ornamental”, recomenda o botânico Felipe Tavares, da Unesp de Botucatu.
Versatilidade na composição de jardins
Versátil, a palmeira-sagu pode ser usada como ponto focal em jardins contemporâneos ou combinada a espécies tropicais, como strelitzias, alpínias ou guaimbês, compondo cenários exuberantes e com forte impacto visual. Seu crescimento lento é um trunfo para quem deseja manter a composição por muitos anos sem grandes alterações. Além disso, ela se adapta bem tanto ao cultivo em solo quanto em vasos, desde que receba luz solar direta ou filtrada por algumas horas do dia.

Outro ponto que justifica sua popularidade é a resiliência. A Cycas tolera períodos curtos de estiagem e até temperaturas mais amenas, desde que não haja geadas intensas. Precisa de solo bem drenado, rico em matéria orgânica, e responde muito bem à adubação leve com NPK 10-10-10 durante os meses mais quentes do ano.
Cuidados e sinal de alerta
Se por um lado a toxicidade exige cuidado, por outro, ela não compromete a experiência paisagística quando há conhecimento e planejamento. Em áreas internas, a planta pode compor jardins de inverno ou varandas bem iluminadas, desde que não haja risco de manuseio por crianças. E, como ressalta Luciana, uma alternativa interessante é sinalizar o canteiro com pequenas cercas decorativas ou integrá-la a outros elementos de proteção visual, como pedras ou vasos.
Mesmo sendo uma planta de baixa manutenção, é importante observar sinais de amarelamento ou apodrecimento, que indicam excesso de água ou má drenagem. E em caso de manuseio direto das sementes, recomenda-se o uso de luvas, especialmente na época de frutificação, quando as estruturas ovais e alaranjadas chamam atenção.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.