A lavanda é uma das plantas mais associadas à delicadeza, ao bem-estar e à estética mediterrânea. Mas entre as diversas espécies do gênero Lavandula, uma em especial tem conquistado cada vez mais espaço em jardins tropicais: a Lavandula dentata, também chamada de lavanda-dentata ou lavanda-francesa. Seu aroma inconfundível, combinado à resistência e ao visual ornamental das folhas recortadas, faz dela uma excelente opção para quem deseja unir beleza e praticidade no paisagismo.
Segundo a botânica e especialista em espécies aromáticas Carla Maranhão, a Lavandula dentata se destaca por ser mais adaptável ao clima quente e úmido do Brasil do que a lavanda tradicional (Lavandula angustifolia), mais exigente em relação à temperatura. “Ela tolera melhor o calor e se desenvolve com mais vigor em regiões de inverno ameno, como boa parte do Sudeste e Sul do país”, comenta.
A origem e as características da planta
Originária da região do Mediterrâneo, especialmente da costa oeste da Europa e do norte da África, a Lavandula dentata tem um histórico de uso tanto ornamental quanto medicinal. Seu nome vem do latim “lavare”, que significa “lavar”, remetendo ao uso ancestral de suas flores na perfumaria, na limpeza e até em banhos terapêuticos.

Sua principal diferença visual em relação a outras lavandas está nas folhas: de tom verde-acinzentado, elas são levemente dentadas nas bordas — o que justifica seu nome científico. Além disso, possuem um toque macio e aveludado, o que acentua ainda mais seu apelo ornamental. As flores, por sua vez, surgem em espigas roxas alongadas com brácteas decorativas, e exalam um aroma suave, doce e persistente.
Uma planta versátil que cabe em vasos, bordaduras e canteiros ensolarados
A lavanda-dentata é incrivelmente versátil no paisagismo. Pode ser cultivada em vasos, floreiras, bordaduras ou formando maciços em canteiros bem iluminados. Por sua silhueta elegante e volume moderado, combina com projetos de inspiração mediterrânea, contemporânea ou campestre.
A paisagista Bruna Macêdo explica que a Lavandula dentata também é excelente para atrair abelhas e borboletas, reforçando sua vocação para jardins biodiversos. “É uma planta muito convidativa para a vida, além de proporcionar um efeito sensorial com suas cores suaves e perfume delicado. Perfeita para quem busca um jardim relaxante e cheio de vida”, afirma.
Ela pode alcançar até 1 metro de altura, formando uma touceira ereta e compacta, e deve ser posicionada sempre sob sol pleno. Além disso, sua rusticidade permite que se adapte a diferentes tipos de solo, desde que bem drenados.
Cultivo e cuidados
Apesar da aparência delicada, a Lavandula dentata é considerada de baixa manutenção. Para prosperar, precisa basicamente de muito sol, substrato com boa drenagem e regras moderadas. O excesso de umidade é seu maior inimigo — o solo deve secar entre uma rega e outra. “O ideal é que o solo tenha boa aeração, misturando terra vegetal com areia e um pouco de composto orgânico”, ensina Carla.

A adubação pode ser feita a cada dois meses com fertilizantes ricos em fósforo, como o NPK 4-14-8, para estimular florações abundantes. No inverno, o crescimento da planta desacelera, e é possível realizar podas leves após a floração para manter o formato arredondado e favorecer brotações novas.
Bruna recomenda também atenção ao local de plantio: “A lavanda deve ficar em um espaço ventilado e bem iluminado. Evite ambientes úmidos e sombreados, pois isso favorece o surgimento de fungos”, alerta.
Mesmo sendo resistente a pragas, a espécie pode atrair cochonilhas ou apresentar manchas foliares se cultivada em ambientes pouco arejados. Nesse caso, a limpeza periódica das folhas e o uso de óleo de neem em doses leves ajudam a manter a planta saudável.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.
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