Se o seu jardim parece abatido, com folhas amareladas, enroladas ou com um brilho pegajoso incomum, é bem provável que pequenos invasores estejam por trás desse cenário.
Os pulgões, também chamados de afídeos, são pragas silenciosas que se alimentam da seiva das plantas, comprometendo o desenvolvimento saudável de hortaliças, frutíferas e até de espécies ornamentais.
Por que os pulgões são tão prejudiciais às plantas
Embora sejam minúsculos — variando entre 1,5 mm e 3 mm —, os pulgões agem em colônias e atacam partes vulneráveis das plantas, como brotos, botões e a face inferior das folhas. Ao sugar a seiva, eles não apenas drenam energia vital do vegetal, mas também interferem diretamente na sua fotossíntese e na circulação de nutrientes. Como consequência, o crescimento é estagnado, a planta perde o viço e passa a ficar mais suscetível a fungos e outras infecções.

“Uma infestação de pulgões é como um esgotamento silencioso: a planta continua viva, mas perde força a cada dia. Quanto antes o jardineiro agir, maiores as chances de recuperação”, explica a bióloga e especialista em controle ecológico de pragas Denise Navarro, que atua com jardinagem regenerativa em São Paulo.
Como reconhecer e diagnosticar a presença de pulgões
Os pulgões podem apresentar coloração variada — verde, preta, marrom ou até branca translúcida. Embora pequenos, são visíveis a olho nu e geralmente se agrupam em regiões mais protegidas, como brotações novas e o verso das folhas. Além disso, deixam um rastro pegajoso conhecido como honeydew, ou “melaço”, que atrai formigas e facilita o surgimento de fungos como a fumagina, uma camada preta que compromete ainda mais a fotossíntese da planta.
Segundo a engenheira-agrônoma Carol Delage, um sintoma importante é o aspecto deformado das folhas. “Elas ficam onduladas, encurvadas e com manchas. Isso acontece porque os pulgões injetam toxinas na planta durante a alimentação, alterando a estrutura celular do tecido vegetal.”
Plantas mais afetadas e fatores de risco
Embora o pulgão possa aparecer em quase qualquer planta, ele tem predileção por espécies como rosas, hibiscos, cítricos, couves, alfaces, espinafres e pimentões. Os ataques costumam ser mais intensos na primavera e no verão, quando há abundância de brotações novas.

Além do clima quente, outro fator que favorece o aparecimento dos pulgões é o excesso de adubação nitrogenada. Isso porque o nitrogênio em excesso acelera o crescimento da planta e torna os tecidos mais tenros e atrativos à praga. Por isso, o ideal é manter uma nutrição equilibrada e evitar fertilizantes ricos em ureia, especialmente nos meses mais quentes.
Como acabar com os pulgões sem prejudicar o meio ambiente
Controlar a infestação de pulgões é perfeitamente possível sem recorrer a produtos tóxicos. Uma das formas mais eficazes e sustentáveis é por meio do uso de repelentes naturais. Receitas simples, como extrato de alho com cebola ou sabão neutro diluído em água, têm ação inseticida leve, mas suficiente para afastar os invasores em pequenos jardins e hortas domésticas.

O extrato de alho, por exemplo, age como repelente natural, graças ao seu odor forte e compostos sulfurados. Já o sabão neutro — diluído corretamente — dissolve a proteção cerosa do corpo do pulgão, provocando sua desidratação. Ambos devem ser aplicados preferencialmente em horários de menor insolação, como início da manhã ou fim da tarde, sempre reaplicando a cada 7 dias até cessar os sinais da praga.
Além disso, incentivar a presença de inimigos naturais, como joaninhas, crisopídeos e vespas parasitóides, é uma estratégia inteligente para manter o controle biológico das pragas. Jardins com biodiversidade equilibrada tendem a sofrer menos com infestações severas.
Prevenção: o segredo para manter o jardim livre de pragas
Mais do que tratar o problema, é fundamental manter práticas de prevenção ativa. Isso começa com a escolha de substratos saudáveis, regas adequadas e um calendário de adubação equilibrado, evitando excessos. Também é importante fazer inspeções frequentes, principalmente em épocas de maior calor e umidade, quando os pulgões se reproduzem rapidamente.
Outro ponto crucial é garantir boa ventilação entre as plantas e remover folhas mortas ou doentes, que podem servir de abrigo para colônias em formação. Por fim, nunca negligencie a nutrição: plantas bem nutridas e vigorosas são naturalmente mais resistentes a pragas.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.