Se você já se deparou com uma planta aparentemente condenada, com folhas caídas e solo tão seco que chega a se afastar das bordas do vaso, saiba que ainda há esperança — e ela pode estar na água. A técnica da rega por imersão vem se popularizando entre jardineiros amadores e experientes como uma estratégia eficiente para salvar plantas que não conseguem mais absorver água pelo método tradicional.
De forma simples, o processo consiste em mergulhar o vaso diretamente em um recipiente com água, permitindo que o solo encharque por baixo, absorvendo a umidade pela base até atingir novamente sua capacidade ideal. Mas, apesar da simplicidade, essa solução pode fazer toda a diferença entre perder ou recuperar uma planta.
Quando a rega por cima não funciona mais
Em vasos com substrato muito seco ou mal estruturado, a água da rega convencional muitas vezes escorre pelas laterais, sem atingir a raiz de fato. O solo se torna hidrofóbico, ou seja, passa a repelir a umidade em vez de absorvê-la — e é aí que entra o valor da imersão.
Segundo a engenheira agrônoma Bruna Moreno, especialista em fisiologia vegetal e consultora em jardinagem urbana, essa técnica é especialmente indicada quando há compactação do substrato.
“Quando o solo seca por completo, ele cria um bloqueio natural que impede a penetração da água. Mergulhar o vaso ajuda a quebrar essa resistência, pois a absorção acontece de baixo para cima, de forma contínua e profunda”, explica.
Além disso, a rega por imersão evita que a água escorra pelas bordas e desperdice nutrientes — algo comum em vasos de cerâmica, que secam rapidamente, ou em plantas cultivadas em ambientes com muito calor e pouca umidade no ar.
Como fazer a rega por imersão corretamente
Apesar de parecer simples, o sucesso da técnica está em observar o tempo certo e garantir a drenagem adequada após o processo. O ideal é colocar o vaso dentro de uma bacia com água limpa até que o líquido alcance cerca de dois terços da altura do recipiente. Depois de 10 a 20 minutos, dependendo do tamanho do vaso, o solo estará novamente encharcado.

A arquiteta paisagista Marina Trindade, à frente de projetos de jardins internos em São Paulo, reforça que o segredo está na retirada do vaso no momento certo.
“Deixar tempo demais pode sufocar a raiz. Após perceber que a superfície do solo está úmida, o ideal é retirar o vaso, deixar escorrer o excesso e jamais voltar a colocá-lo em pratos com água parada, para não correr risco de apodrecimento”, orienta.
Outra dica importante é nunca aplicar a técnica em substratos muito argilosos ou em plantas que não toleram excesso de umidade — como cactos e suculentas. Nesses casos, a imersão pode fazer mais mal do que bem. Já espécies tropicais e folhagens sensíveis ao ressecamento, como samambaias, jiboias, calatheas e marantas, se beneficiam profundamente do método.
Quando aplicar — e quando evitar
A rega por imersão não deve substituir a rega tradicional, mas sim ser utilizada como uma intervenção pontual, em casos específicos. É indicada, por exemplo, quando a planta ficou muitos dias sem água, após viagens, ou quando o substrato está compactado ou repelindo água.
Além disso, vale observar os sinais: folhas murchas, solo extremamente seco ao toque e ausência de peso no vaso são indícios claros de que a planta precisa de uma hidratação profunda. Por outro lado, se a planta está com o solo levemente úmido, não há necessidade de fazer a imersão.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.