As folhagens há tempos deixaram de ser coadjuvantes no paisagismo. Cada vez mais populares, elas assumem o papel de protagonistas em jardins residenciais, varandas, muros e até em cantinhos internos que pedem vida e frescor. O motivo? Essas espécies unem beleza visual, facilidade de cultivo e uma versatilidade que se adapta aos mais diversos estilos de decoração verde — do rústico ao tropical, do clássico ao contemporâneo.
Segundo a paisagista Letícia Amaral, especialista em composições tropicais e consultora de projetos urbanos, “as folhagens têm um poder de preencher os espaços de maneira equilibrada e elegante. Elas trazem textura, cor e harmonia, sem roubar a cena como algumas flores. Por isso, são tão valorizadas em jardins brasileiros”.
Entre tantas opções disponíveis em floriculturas e centros de jardinagem, algumas espécies vêm conquistando, em especial, o coração dos brasileiros. Seja pela facilidade de cuidado, pela resistência em diferentes ambientes ou até por suas simbologias, essas plantas têm se tornado presença garantida nos projetos atuais.
Jiboia
Difícil falar de folhagens queridinhas sem mencionar a jiboia (Epipremnum pinnatum). Ela figura entre as espécies mais populares graças à sua resistência e à capacidade de crescer com facilidade tanto em ambientes internos quanto externos. Com folhas em tons de verde mesclado ao amarelo ou branco, a planta é uma excelente escolha para quem deseja um visual pendente ou deseja cobrir treliças e estruturas verticais.

Aliás, é uma planta de sombra parcial que exige pouca manutenção. No entanto, o paisagista Rodrigo Carneiro alerta: “é uma espécie tóxica para pets, então é importante posicioná-la em locais de difícil acesso para cães e gatos”. Ainda assim, é difícil resistir ao charme de suas folhas em forma de coração, que trazem um toque acolhedor ao espaço.
Peperômia
Com uma aparência única, a peperômia ganhou destaque nos últimos anos, especialmente em projetos mais afetivos e personalizados. Suas folhas pequenas, geralmente arredondadas ou ovais, apresentam desenhos singulares que lembram veios prateados, verdes-claros ou até rosados. Algumas variedades, como a famosa peperômia-melancia, parecem pintadas à mão.

Adaptável a vasos suspensos e cantinhos iluminados, a espécie prefere luz indireta e regas moderadas. “Ela se encaixa perfeitamente em prateleiras, jardins verticais e floreiras em janelas”, aponta Letícia. Além do visual marcante, seu crescimento compacto permite um paisagismo mais delicado e cheio de detalhes.
Lambari roxo
Entre as plantas que trazem impacto visual imediato, o lambari roxo (Tradescantia zebrina) se destaca. Suas folhas alongadas exibem tonalidades intensas de púrpura, prata e verde, criando uma combinação exótica que chama a atenção mesmo à distância. Justamente por esse visual dramático, ela é muito usada como forração em jardins tropicais e como ponto de contraste em vasos decorativos.

Trata-se de uma planta resistente, que gosta de luminosidade e se desenvolve bem tanto em meia-sombra quanto com luz solar direta nas primeiras horas do dia. Segundo Rodrigo, “é uma opção perfeita para quem busca uma planta vibrante sem exigir cuidados constantes”.
Zamioculca
Conhecida por sua aparência escultural, a zamioculca (Zamioculcas zamiifolia) se tornou uma das folhagens mais desejadas, especialmente para espaços internos. Suas folhas brilhosas e firmes, que crescem em hastes eretas, oferecem um ar sofisticado e ao mesmo tempo discreto. Não à toa, ela virou figurinha carimbada em escritórios, halls de entrada e ambientes minimalistas.

A espécie é também famosa por sua resiliência: cresce bem mesmo com pouca luz e pode ficar longos períodos sem rega. Letícia observa que “além de linda, a zamioculca é símbolo de prosperidade e boas energias, o que aumenta ainda mais sua presença nos lares”.
Comigo-ninguém-pode
Carregada de significados culturais e espirituais, a comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia spp.) é uma planta que une proteção simbólica com forte apelo ornamental. Suas folhas largas, geralmente verdes com manchas claras, criam um visual tropical exuberante, ideal para composições com outras espécies de sombra.

De fácil manutenção e crescimento moderado, ela exige apenas atenção quanto à toxicidade, principalmente em lares com crianças ou animais. Rodrigo recomenda usá-la como elemento central em vasos de piso ou como divisor natural de ambientes.
Lírio-da-paz
Com sua flor branca em formato de espata que se destaca entre as folhas verdes intensas, o lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii) traz leveza e sofisticação. A planta, que floresce ao longo do ano quando bem cuidada, é símbolo de harmonia, tranquilidade e até de purificação do ar.

Muito usada em interiores, ela também pode ser cultivada em varandas e jardins sombreados. “É uma planta que responde bem a ambientes com umidade constante e luz difusa”, orienta Letícia. A cada nova florada, o lírio-da-paz transforma o ambiente, criando pontos de contemplação e frescor.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.