No vasto repertório de plantas ornamentais brasileiras, poucas causam tanto impacto visual quanto o rabo-de-cotia, nome popular da Stifftia chrysantha. Nativa da Mata Atlântica, essa planta é uma verdadeira joia botânica, conhecida por suas inflorescências cilíndricas de coloração amarelo-dourada, que mais parecem escovas esvoaçantes dançando com o vento. Seu nome, aliás, faz referência direta à semelhança com o rabo do pequeno mamífero sul-americano cotia, reforçando o caráter curioso e regional da espécie.
Apesar de ainda pouco explorada em projetos paisagísticos urbanos, a Stifftia chrysantha tem um potencial imenso para jardins tropicais, principalmente pela forma escultural que suas flores assumem ao longo da floração. Com altura que pode ultrapassar os dois metros, a planta se comporta como um arbusto ou arvoreta e, segundo a paisagista Adriana Zaparoli, “é uma excelente escolha para quem deseja atrair biodiversidade, já que suas flores são ricas em néctar e atraem beija-flores e borboletas com facilidade”.
Uma brasileira que encanta pelo contraste e textura
A beleza da planta vai além da cor vibrante. As flores do rabo-de-cotia são formadas por estruturas tubulares longas, que se abrem em pequenas cerdas douradas, criando um visual único. As folhas verdes e brilhantes contrastam fortemente com o tom intenso das flores, criando um efeito ornamental marcante.

“É uma planta que traz textura, movimento e luz ao jardim. Ideal para ser o ponto focal em canteiros ou combinada com outras espécies tropicais de menor porte”, aponta o biólogo especializado em flora atlântica Renato Vasconcellos.
Além da estética incomum, a Stifftia chrysantha é bastante resistente e rústica, o que a torna ainda mais interessante para o cultivo em áreas externas. Com crescimento rápido e exigências moderadas, ela não apenas se adapta bem ao clima tropical e subtropical, como também tolera variações de temperatura e solos mais pobres — desde que bem drenados.
Como cultivar o rabo-de-cotia e ver a planta prosperar
Para quem deseja inserir o rabo-de-cotia no paisagismo, o ideal é escolher um local com sol pleno ou meia-sombra, pois a planta precisa de luminosidade abundante para florescer com vigor. O solo deve ser fértil e enriquecido com matéria orgânica, mas o mais importante é garantir uma drenagem eficiente.
“É essencial evitar o encharcamento, principalmente nos períodos mais chuvosos. A planta aprecia umidade, mas detesta excesso de água nas raízes”, orienta Renato.

As regas devem ser frequentes durante a fase inicial do cultivo, diminuindo à medida que a planta se estabelece. Na fase adulta, basta irrigar quando o solo estiver seco na superfície. A adubação com compostos ricos em fósforo e potássio estimula uma floração mais intensa, enquanto podas leves ajudam a manter a forma compacta do arbusto.
Apesar da aparência delicada das flores, o rabo-de-cotia exige poucos cuidados e é resistente a pragas e doenças. Outro destaque é sua versatilidade: pode ser cultivado tanto isoladamente quanto em conjuntos lineares ou agrupamentos densos, compondo bordaduras exuberantes ou maciços tropicais.
Uma planta que valoriza a flora nativa
Além de embelezar o jardim, o rabo-de-cotia desempenha um papel importante na valorização da vegetação nativa. Sua presença em projetos de recuperação ambiental ou jardins ecológicos reforça a conexão com a biodiversidade brasileira e ajuda a divulgar espécies menos populares, mas com grande potencial ornamental.
Aliás, em um momento em que cada vez mais se fala sobre paisagismo sustentável e bioconsciente, optar por plantas como a Stifftia chrysantha representa uma escolha estética e ambientalmente responsável. “Ela mostra que é possível ter um jardim bonito, diverso e com identidade nacional. Isso é algo que todos nós deveríamos priorizar na hora de cultivar”, conclui Adriana.

Autora convidada, Ivani K. é uma paisagista e jardineira com mais de 30 anos de experiencia, apaixonada por criar espaços que vão além da estética. Seus posts são informativos, criativos e motivadores, ajudando as pessoas a criarem seus próprios oásis verdes.