Criar um lar mais acolhedor vai muito além de escolher os móveis certos ou investir em iluminação suave. Cada vez mais, as plantas têm ocupado um papel essencial na decoração de interiores, especialmente aquelas que, além de se adaptarem bem a espaços internos, ainda surpreendem com folhagens coloridas ou flores de longa duração. Aliás, para além da estética, cultivar plantas dentro de casa também promove bem-estar, melhora a qualidade do ar e aproxima a rotina urbana de uma vida mais conectada à natureza. E o melhor: é possível fazer isso com espécies exóticas, fáceis de manter e que fogem do lugar-comum.
Segundo a paisagista Ana Paula Gallo, muitas pessoas ainda associam plantas de interior apenas a tons de verde e esquecem que existem variedades com folhas arroxeadas, matizadas ou com flores exuberantes que florescem mesmo longe da luz solar direta. “A beleza das plantas coloridas em ambientes internos está justamente no contraste. Elas se destacam, trazem leveza e transformam completamente a energia do espaço, sem exigir grandes intervenções”, afirma.
Ludisia discolor
Entre as espécies mais intrigantes para quem quer fugir das escolhas óbvias, a Ludisia discolor — também chamada de orquídea-jóia — encanta pela combinação rara de resistência e beleza. Suas folhas, quase aveludadas, exibem um tom verde-escuro profundo riscado por linhas vermelhas ou douradas que parecem bordadas.

Apesar de ser uma orquídea, ela se comporta mais como uma folhagem e se dá muito bem em ambientes com luz difusa e alta umidade. A paisagista indica essa planta especialmente para lavabos e escritórios com ventilação suave: “Ela se desenvolve com facilidade em vasos pequenos e chama atenção até mesmo quando não está florida.”
Caládio rosa
Outra planta que conquista pelo visual nada comum é o caládio rosa, uma variedade que foge dos tons tradicionais com suas folhas em formato de coração, pinceladas em tons que variam entre branco, verde-claro e rosa intenso. De acordo com o botânico Henrique Alvim, da Universidade Estadual de Maringá, trata-se de uma planta bulbosa que exige pouca manutenção, mas se beneficia de ciclos de dormência — o que significa que, após alguns meses, perde as folhas e entra em repouso.

“O segredo está em respeitar esse ritmo natural. Durante esse tempo, não é necessário regar tanto, e, quando ela volta a brotar, o espetáculo visual compensa a espera”, comenta.
Fitônia
Ideal para quem tem pouco espaço, a fitônia é uma planta de origem sul-americana que surpreende pelas folhas miúdas com veios marcados, que variam do branco ao rosa-choque. Seu tamanho compacto a torna ideal para prateleiras, nichos e mesas de centro, desde que o ambiente tenha boa claridade, mas sem exposição direta ao sol.

O charme da fitônia está na textura que ela cria quando usada em vasos rasos, funcionando quase como um tapete vivo. “Ela aprecia solo sempre úmido, por isso é uma boa escolha para quem gosta de interagir com as plantas com frequência, observando e cuidando”, orienta Ana Paula.
Maranta leuconeura
Se o objetivo é criar um ponto de interesse em salas ou halls, a maranta leuconeura — popularmente conhecida como planta rezadeira — é uma excelente aposta. Suas folhas são ovais, com manchas em tom vinho e verde-escuro, e se movimentam durante o dia, abrindo e fechando como se estivessem ‘respirando’.

Além de serem verdadeiras esculturas vivas, são silenciosamente purificadoras do ar e crescem bem em vasos médios. Henrique lembra que é preciso manter a rega constante e protegê-la de correntes de ar frio. “Ela prefere ambientes com umidade alta e sombra parcial, sendo uma excelente opção para banheiros bem iluminados ou varandas cobertas”, completa.
Peperômia raindrop
Fechando a seleção com um toque de simplicidade sofisticada, a peperômia raindrop se destaca pelo formato inusitado de suas folhas, que lembram gotas d’água. Brilhantes e carnudas, suas folhas variam do verde-limão ao verde-musgo conforme a luz e a umidade do ambiente.

É uma planta discreta, mas com personalidade, que não exige regas constantes e vai bem em vasos de cerâmica, que ajudam na drenagem. Ana Paula ressalta que, apesar de parecer uma suculenta, ela não aprecia sol direto e se adapta melhor em locais protegidos, como aparadores ou cantos iluminados da sala.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.