Quando se fala em frutas de aparência inusitada e sabor delicado, o olho-de-dragão surge como uma verdadeira joia da natureza. Com origem no sudeste asiático — especialmente China, Vietnã e Tailândia — o Dimocarpus longan atrai olhares pela casca bege e áspera que esconde uma polpa translúcida e suculenta. Seu nome popular vem justamente da semelhança da fruta aberta com um globo ocular: o centro escuro da semente envolvido pela polpa clara remete ao olhar de um dragão, figura mitológica reverenciada na cultura oriental.
A planta pertence à mesma família do rambutã e da lichia, o que explica não só a semelhança física como também o perfil sensorial do fruto: levemente adocicado, com textura suave e aroma sutil. No Brasil, embora ainda considerada rara, a espécie tem ganhado espaço nos pomares domésticos e entre colecionadores de frutíferas exóticas. Segundo a engenheira agrônoma Mariana Lobo, especialista em fruticultura tropical, “o olho-de-dragão tem grande potencial para cultivo em regiões mais quentes do país, especialmente no Sudeste e no Nordeste, onde encontra as condições ideais de solo e clima”.
Além do valor gastronômico, o Dimocarpus longan é extremamente ornamental. Suas folhas verde-escuras e brilhantes formam uma copa volumosa e elegante, o que torna a árvore uma excelente escolha para projetos de paisagismo com proposta tropical. Em áreas urbanas, pode ser cultivada em quintais espaçosos ou até mesmo em vasos grandes, desde que receba os cuidados adequados.

Para prosperar, o olho-de-dragão exige um ambiente bem iluminado, preferencialmente sob sol pleno ou com, no mínimo, quatro horas diárias de luz direta. O solo deve ser fértil, bem drenado e rico em matéria orgânica. “É uma planta que gosta de calor e umidade, mas não tolera encharcamento”, explica o paisagista e viveirista Rafael Nakamura, que cultiva a espécie em sua propriedade no interior de São Paulo. Ele recomenda o uso de substratos compostos por terra vegetal, areia grossa e húmus de minhoca para manter o equilíbrio hídrico e garantir boa nutrição.
A rega deve ser frequente nos primeiros anos, especialmente em períodos de estiagem, mas sempre com moderação. Durante o verão, a planta entra em seu ciclo mais ativo, podendo florescer e frutificar entre o final da estação chuvosa e o início do outono. As flores são pequenas, amareladas, e surgem em inflorescências pendentes que atraem polinizadores como abelhas e borboletas, agregando valor ecológico ao cultivo.

Para quem deseja experimentar o sabor da fruta sem recorrer à importação, o cultivo caseiro tem se mostrado uma alternativa viável. O ideal é iniciar o plantio por mudas enxertadas, que garantem melhor produtividade e precocidade na frutificação. Além disso, recomenda-se podas de formação e limpeza anual, favorecendo a circulação de ar entre os galhos e o controle de pragas como pulgões ou cochonilhas, que ocasionalmente podem surgir em ambientes úmidos.
O interesse crescente por frutas não convencionais tem impulsionado a popularidade do olho-de-dragão em feiras agroecológicas e mercados de nicho. “Muitas pessoas se surpreendem com o sabor e com o valor nutricional da fruta, que é rica em vitamina C e antioxidantes naturais”, destaca Mariana. Aliás, na medicina tradicional chinesa, o consumo do longan é associado à melhora do sono, da memória e do sistema imunológico — o que reforça o caráter funcional da espécie.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.
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