Quando o assunto é unir beleza ornamental, rusticidade e floração prolongada, poucas espécies encantam tanto quanto o resedá, também conhecido pelo nome científico Lagerstroemia indica. De origem asiática, essa árvore de porte médio ganhou o coração de paisagistas, urbanistas e amantes de jardins por sua capacidade de florir abundantemente mesmo nos meses mais quentes e secos do ano — um verdadeiro espetáculo visual que dura semanas, tingindo ruas e quintais de rosa, lilás, branco ou vermelho.
Além da beleza evidente, o resedá é considerado uma planta extremamente versátil, que pode compor desde alamedas urbanas até canteiros residenciais, mantendo sempre um efeito visual leve, vibrante e sofisticado. “É uma das árvores que mais recomendo para projetos urbanos de arborização ornamental, pois além de florir por muito tempo, ela tem raízes pouco agressivas, o que evita problemas com calçadas e muros”, explica o engenheiro agrônomo Marcos Estevão Feliciano, especializado em planejamento paisagístico tropical.
Uma explosão de flores com baixa manutenção
Embora o visual delicado das flores possa sugerir uma planta exigente, o resedá se destaca justamente pela simplicidade de cultivo. Ele se adapta bem aos climas tropicais e subtropicais do Brasil, com boa tolerância à estiagem e excelente desempenho a pleno sol — condição que favorece sua floração intensa.

Segundo a paisagista Marianne Ramos, o solo ideal para o desenvolvimento da espécie deve ter boa drenagem e ser enriquecido com matéria orgânica, como húmus ou compostos à base de folhas.
“O resedá aprecia um solo fértil, mas não encharcado. Em regiões muito chuvosas, recomendo o plantio em locais levemente elevados, para evitar acúmulo de água nas raízes”, orienta.
Aliás, é importante lembrar que a Lagerstroemia indica apresenta crescimento moderado, o que facilita a manutenção do porte sem necessidade de podas frequentes. No entanto, poda de formação no final do inverno pode ser benéfica para estimular ramos mais floríferos e uma copa mais equilibrada. “É uma poda que revitaliza a árvore e prepara o cenário para o espetáculo da primavera”, complementa Marianne.
Um toque de leveza para o paisagismo urbano e residencial
Além de sua vocação estética, o resedá também se adapta a diferentes composições paisagísticas, podendo ser utilizado isoladamente como ponto focal em um gramado ou em conjuntos, criando fileiras floridas e harmônicas. Seu porte, que geralmente varia de 3 a 6 metros de altura, é ideal para espaços urbanos, já que não interfere na fiação elétrica e mantém a luminosidade nos ambientes ao redor.

Outro atrativo está no tronco escamado e decorativo, que se revela após o desprendimento da casca e adiciona charme mesmo fora do período de floração. Com isso, a árvore continua oferecendo um apelo estético durante todo o ano, inclusive no outono e inverno, quando o contraste entre os galhos nus e a casca clara ganha destaque em meio à paisagem.
Em projetos que priorizam a biodiversidade, o resedá também cumpre papel importante: suas flores são atraentes para abelhas e borboletas, contribuindo com o equilíbrio ecológico dos jardins e varandas. Por ser uma espécie caducifólia, ou seja, que perde as folhas nos meses mais frios, ele também permite maior insolação nos ambientes durante o inverno — um detalhe que agrada quem busca conforto térmico e funcionalidade no paisagismo.
Beleza que floresce com o tempo
O cultivo do resedá é, sem dúvida, um investimento em beleza duradoura. Embora seu crescimento inicial seja mais lento, com os devidos cuidados — luz solar direta, rega equilibrada e adubação rica em fósforo durante os períodos de crescimento — ele se desenvolve com vigor e recompensa com flores deslumbrantes.

Em vasos grandes, a espécie também pode ser cultivada como arbusto ornamental, o que amplia suas possibilidades decorativas, especialmente em varandas e varandões. Contudo, seu desempenho máximo ocorre quando plantado diretamente no solo, com espaço para expandir suas raízes e formar uma copa elegante e equilibrada.
“Além de linda, é uma planta que transmite uma sensação de serenidade e delicadeza. É difícil passar por um resedá em flor e não parar para admirar”, resume Marcos Estevão, reforçando o valor simbólico dessa árvore nos projetos de paisagismo brasileiro.

Autora convidada, Ivani K. é uma paisagista e jardineira com mais de 30 anos de experiencia, apaixonada por criar espaços que vão além da estética. Seus posts são informativos, criativos e motivadores, ajudando as pessoas a criarem seus próprios oásis verdes.