Imagine uma árvore que parece carregar chuva de ouro em seus galhos: assim é a Lofantera-da-amazônia (Lophanthera lactescens), espécie que vem ganhando espaço em jardins brasileiros pela sua beleza singular e rusticidade. Com inflorescências pendentes em tons de amarelo-dourado, que contrastam com folhas verde-escuras e brilhantes, essa árvore nativa da Amazônia embeleza espaços e ainda atrai polinizadores como abelhas e beija-flores.
“Ela é uma verdadeira joia da nossa flora, capaz de transformar qualquer jardim em um cenário tropical de impacto visual”, comenta a paisagista Ana Clara Ribeiro, especialista em biomas brasileiros.
Características da Lofantera-da-amazônia
A Lophanthera lactescens é uma árvore de porte médio, atingindo entre 6 e 10 metros de altura, com copa arredondada e densa. Suas folhas são simples, coriáceas e dispostas em espiral, enquanto as flores, agrupadas em longos cachos (de até 50 cm), desabrocham em tons vibrantes de amarelo. “A floração é tão abundante que chega a cobrir parte da folhagem, criando um efeito de cascata dourada”, explica o engenheiro-agrônomo Marcos Tavares, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

Um detalhe curioso é que, apesar do nome, a espécie não está restrita à Amazônia. Adaptou-se bem a climas subtropicais e até a regiões de altitude moderada, como a Serra do Mar, graças à sua resistência a variações térmicas. Além disso, suas raízes não são invasivas, o que a torna segura para calçadas e áreas urbanas.
Época de floração e polinização
A Lofantera floresce principalmente entre setembro e março, período em que as temperaturas mais altas e as chuvas frequentes estimulam o surgimento dos cachos. Cada inflorescência dura cerca de três semanas, e a árvore pode florir mais de uma vez ao ano em condições ideais de solo e luminosidade.

As flores produzem néctar em abundância, tornando-a uma espécie-chave para a fauna local. “Em projetos de restauração ecológica, a Lofantera é usada para atrair polinizadores, fortalecendo a biodiversidade”, destaca Marcos Tavares. Para jardins residenciais, a dica de Ana Clara é plantá-la próximo a janelas ou varandas: “Assim, é possível observar de perto o ballet dos beija-flores, que visitam as flores várias vezes ao dia”.
Versatilidade no paisagismo e além
A Lofantera-da-amazônia é uma das poucas árvores ornamentais que funcionam tanto como ponto focal em jardins grandes quanto em arborização urbana. Em parques públicos, sua copa densa oferece sombra generosa, enquanto em jardins residenciais, pode ser podada para manter um porte mais compacto. “Ela também se adapta bem a vasos grandes, desde que receba sol pleno e regas regulares”, complementa Ana Clara.

Além do uso estético, sua madeira, embora leve, é aproveitada na fabricação de cabos de ferramentas e artesanato local. Na medicina tradicional, comunidades ribeirinhas utilizam suas folhas em infusões para alívio de dores musculares – embora esse uso ainda careça de estudos científicos conclusivos.

Autora convidada, Ivani K. é uma paisagista e jardineira com mais de 30 anos de experiencia, apaixonada por criar espaços que vão além da estética. Seus posts são informativos, criativos e motivadores, ajudando as pessoas a criarem seus próprios oásis verdes.