Imagine uma trepadeira capaz de transformar um simples pergolado em um portal para o exótico. Assim é a Jade Negra (Mucuna interrupta – syn. Mucuna nigricans), espécie rara que encanta paisagistas e colecionadores com suas flores em tons de roxo-escuro, quase negras, que pendem em cachos dramáticos.
Originária de florestas tropicais do Butão, China e Vietnã, essa leguminosa da família do feijão não é apenas uma planta: é uma declaração de ousadia em jardins. “Sua floração é um espetáculo à parte, mas exige espaço e dedicação”, adverte Larissa Campos, bióloga especialista em flora tropical.
A Beleza Exótica da Jade Negra
Com folhas largas e caule vigoroso, a Jade Negra é uma trepadeira de crescimento acelerado, capaz de ultrapassar 20 metros de extensão em condições ideais. Seus cachos florais, que variam de 20 a 30 cm, são formados por dezenas de flores em formato de concha, com nuances que vão do vinho ao quase negro – um efeito hipnótico sob a luz do sol. “A coloração intensa é uma adaptação para atrair polinizadores específicos, como abelhas de grande porte e pássaros nectarívoros”, explica Ricardo Almeida, engenheiro-agrônomo da Sociedade Brasileira de Jardins Botânicos.

Diferente de outras espécies do gênero Mucuna, como o popular pó-de-mico (Mucuna pruriens), a Jade Negra não possui pelos urticantes em seus frutos, o que a torna segura para o cultivo residencial. Por outro lado, seu porte imponente exige estruturas reforçadas: “Telhados, caramanchões e colunas precisam ser de materiais duráveis, como concreto ou madeira de lei, para suportar seu peso adulto”, recomenda Larissa.
Cultivo: Sol, Espaço e Nutrição
A Jade Negra é uma planta de clima tropical úmido, adaptada a temperaturas entre 18°C e 30°C. Para que atinja todo o seu potencial, é essencial plantá-la em solo fértil e profundamente drenado, enriquecido com matéria orgânica. “Adubações mensais com bokashi ou composto orgânico garantem florações abundantes”, sugere Ricardo. A rega deve ser frequente, mantendo o substrato úmido, porém sem encharcamentos – raízes alagadas são seu principal inimigo.

Quanto à luminosidade, sol pleno é indispensável. “Ela tolera meia-sombra, mas sob pouca luz, as florações serão escassas e as folhas perderão o viço”, alerta Larissa. Em regiões de clima subtropical, como o Sul do Brasil, a espécie pode sofrer com geadas eventuais. Nesses casos, a dica é cultivá-la próxima a muros quentes ou usar coberturas térmicas no inverno.
Cuidado: Não Confunda com o Pó-de-Mico!
A semelhança entre a Jade Negra e o pó-de-mico (Mucuna pruriens) vai além do gênero botânico. Ambas têm flores em cachos e folhas largas, mas a segunda é conhecida pelos frutos cobertos de tricomas (pelos microscópicos) que causam irritação intensa na pele. “O nome pruriens vem do latim prurire, que significa ‘coçar’ – uma referência direta ao efeito dos seus pelos”, esclarece Ricardo.
Para evitar confusões, observe detalhes: as flores da Jade Negra são mais compactas e escuras, enquanto as do pó-de-mico têm tons mais claros (arroxeados ou brancos). Além disso, a primeira é perene, mantendo suas folhas o ano todo, enquanto a segunda pode entrar em dormência em climas secos. “Na dúvida, consulte um viveiro especializado. Plantar a espécie errada pode transformar o jardim em uma armadilha”, brinca Larissa.

Autora convidada, Ivani K. é uma paisagista e jardineira com mais de 30 anos de experiencia, apaixonada por criar espaços que vão além da estética. Seus posts são informativos, criativos e motivadores, ajudando as pessoas a criarem seus próprios oásis verdes.