De aparência curiosa e perfume discreto, a cherimoia (Annona cherimola) é um daqueles tesouros botânicos que despertam fascínio à primeira mordida. Originária das encostas elevadas da Bolívia, Peru e Colômbia, ela se desenvolve em altitudes entre 1.400 e 2.000 metros — o que lhe confere características únicas de sabor e textura. No Brasil, apesar de ainda pouco explorada em larga escala, a fruta vem ganhando terreno nas regiões mais frias e elevadas do Sudeste, como a Serra da Mantiqueira e parte do interior paulista.
Segundo o engenheiro agrônomo Fernando Sousa, que estuda a adaptação de frutíferas exóticas ao clima nacional, a cherimoia apresenta um potencial notável tanto em produtividade quanto em qualidade nutricional. “Ela é muito valorizada nos mercados internacionais e, por aqui, já mostra excelente desempenho em regiões com noites frescas e boa insolação”, comenta. Aliás, não é raro ver pomares familiares apostando na fruta como uma alternativa de cultivo rentável e diferenciada.
Uma joia tropical de sabor delicado
A árvore da cherimoia é de médio porte e alcança cerca de sete metros de altura. O fruto, que pode pesar até 1,8 kg, chama atenção pela casca verde com textura escamosa e pela polpa cremosa, branca e aromática. Ao paladar, oferece uma explosão suave de sabores tropicais, que remetem a uma mistura de banana, abacaxi e morango, com notas levemente cítricas no final. Essa complexidade sensorial faz com que a cherimoia seja apreciada tanto ao natural quanto em receitas de mousses, sucos e sorvetes artesanais.

Mas além do sabor, há benefícios que merecem ser destacados. A cherimoia é rica em vitaminas do complexo B, potássio, fibras e antioxidantes. “É uma fruta que contribui para a saúde cardiovascular, além de ajudar na digestão e fortalecer o sistema imunológico”, explica a nutricionista Juliana Barbosa, que também pesquisa frutas nativas e exóticas no contexto da alimentação funcional. Seu consumo, aliás, é especialmente interessante por unir valor nutricional e baixa acidez.
Do cultivo cuidadoso à colheita premiada
Apesar de parecer exótica demais para o cultivo no Brasil, a cherimoia se adapta bem quando as condições são respeitadas. O solo ideal deve ser profundo, com boa drenagem e rico em matéria orgânica, o que favorece o desenvolvimento das raízes e evita problemas como apodrecimento e doenças fúngicas. O uso de mudas enxertadas é fortemente recomendado, tanto pela resistência quanto pela uniformidade dos frutos — dois fatores importantes para quem deseja cultivar com fins comerciais.

A floração da planta ocorre entre a primavera e o verão, com colheitas concentradas entre o outono e o inverno. O processo exige atenção ao manejo, já que a polinização manual, embora trabalhosa, pode aumentar significativamente a produtividade. Em regiões como Itapetininga e Gonçalves (MG), produtores têm experimentado resultados promissores com técnicas de irrigação controlada e adubação orgânica de liberação lenta.
Uma fruta promissora para os paladares do futuro
Ainda pouco conhecida do grande público, a cherimoia começa a ganhar espaço em feiras orgânicas, empórios naturais e mercados gourmet. E não é apenas seu sabor que a diferencia — sua história, aparência e versatilidade tornam essa fruta uma aposta certeira para quem busca inovação no cultivo e diferenciação no prato.
Com o avanço das pesquisas e a ampliação de áreas adaptadas no Brasil, é provável que, em pouco tempo, a cherimoia deixe de ser apenas uma fruta exótica e passe a ocupar um lugar fixo no imaginário e no cardápio do consumidor brasileiro. Afinal, poucas frutas conseguem reunir beleza, sabor, saúde e curiosidade como ela.

Autora convidada, Ivani K. é uma paisagista e jardineira com mais de 30 anos de experiencia, apaixonada por criar espaços que vão além da estética. Seus posts são informativos, criativos e motivadores, ajudando as pessoas a criarem seus próprios oásis verdes.