Poucas plantas expressam tanto charme e sofisticação como o antúrio. Com suas flores cerosas e coloração intensa — que pode variar do vermelho ao branco, passando por tons de rosa, roxo e até verde —, essa espécie tropical conquistou lugar cativo em vasos e arranjos pelo Brasil. Mas o que muitos cultivadores ainda não sabem é que multiplicar essa planta em casa é mais simples do que parece. Propagar o antúrio por mudas pode ser não só um gesto de economia, como também uma maneira afetiva de presentear alguém com uma planta cheia de vida.
Aliás, quando o cultivo é bem conduzido, um único antúrio pode dar origem a várias novas plantas ao longo do tempo, criando uma verdadeira coleção botânica no lar. O segredo está em saber reconhecer o momento certo da divisão e garantir que cada nova muda tenha estrutura e vitalidade suficientes para se desenvolver.
Quando e como fazer mudas de antúrio
De acordo com a bióloga e especialista em plantas tropicais Renata Guastelli, o melhor momento para fazer a propagação do antúrio é durante a primavera ou o início do verão. “É nessa fase que a planta está em crescimento ativo, o que facilita a recuperação após a divisão e acelera o desenvolvimento das mudas”, explica. A técnica mais segura — e recomendada — é a divisão de touceiras, método que consiste em separar a planta-mãe em partes que já contenham raízes e folhas próprias.

O primeiro passo é retirar com cuidado o antúrio do vaso original, preservando ao máximo as raízes. Em seguida, basta observar a base da planta e identificar onde estão os brotos laterais. Com as mãos — ou com auxílio de uma faca esterilizada —, essas estruturas podem ser separadas com delicadeza, garantindo que cada parte contenha, ao menos, um rizoma (caule grosso subterrâneo ou semissubterrâneo), raízes ativas e folhas saudáveis.
“Não é apenas cortar por cortar. É importante que a nova muda tenha força suficiente para se adaptar ao novo ambiente sem comprometer seu desenvolvimento”, destaca Renata.
Substrato, luz e rega: o trio de sucesso da nova planta
Após a separação, cada muda precisa de um vaso adequado e um substrato leve, com boa drenagem. Um dos compostos mais indicados é a mistura de terra vegetal com fibra de coco e casca de pinus. Esse substrato garante aeração e evita o acúmulo de água — o maior inimigo da espécie. O ideal é que o recipiente tenha furos no fundo e, se possível, uma camada de drenagem feita com argila expandida ou pedriscos.

“Os antúrios preferem ambientes iluminados, mas sem sol direto, especialmente nas horas mais quentes do dia”, explica o paisagista Eduardo Funari, que há mais de duas décadas trabalha com projetos tropicais. Ele também lembra que, nos primeiros dias após o replantio, o solo deve ser mantido levemente úmido, mas nunca encharcado.
“A planta está em adaptação e o excesso de água pode favorecer o apodrecimento das raízes. A dica é tocar a terra com os dedos: se ainda estiver úmida, aguarde mais um dia antes de regar novamente”, orienta.
Cuidados nos primeiros meses
É normal que a muda recém-plantada apresente um leve aspecto de desidratação ou queda das folhas — isso acontece porque a planta está redirecionando energia para se estabilizar no novo espaço. Entretanto, com iluminação indireta, solo rico e irrigação controlada, o antúrio tende a se recuperar rapidamente.
Além disso, nos primeiros dois meses não é necessário adubar. Deixe que a planta foque na criação de raízes e na adaptação ao novo vaso. Só após esse período vale incluir um fertilizante orgânico leve, como o bokashi, ou adubo NPK 10-10-10 em pequenas doses, sempre diluído em água e aplicado longe da base da planta.

Autora convidada, Ivani K. é uma paisagista e jardineira com mais de 30 anos de experiencia, apaixonada por criar espaços que vão além da estética. Seus posts são informativos, criativos e motivadores, ajudando as pessoas a criarem seus próprios oásis verdes.