A inovação tecnológica está transformando o cenário da agricultura sustentável com o desenvolvimento de um filme biodegradável capaz de liberar fertilizantes de forma controlada e se decompor em apenas três meses no solo.
Desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), esse material visa substituir os tradicionais microplásticos usados na agricultura, promovendo uma solução mais segura para o meio ambiente. O novo filme utiliza compostos naturais extraídos de algas e nanocelulose, oferecendo uma alternativa mais econômica e ecologicamente correta para o setor agrícola.
Uma Solução para Melhorar a Eficiência no Campo
A criação desse filme biodegradável surge como resposta à necessidade crescente de reduzir o impacto ambiental da agricultura. Claudinei Fonseca Souza, do Grupo de Pesquisa em Engenharia de Água, Solo e Meio Ambiente da UFSCar, explica que o filme libera fertilizantes gradualmente, diminuindo a perda de nutrientes por lixiviação, comum em métodos convencionais de adubação. “A carragena e o alginato, biopolímeros naturais extraídos de algas, desempenham um papel crucial nesse processo, ajudando a garantir que os fertilizantes sejam liberados lentamente e de maneira eficiente no solo”, destaca Souza.
Essa inovação foi testada inicialmente em uma das culturas mais populares do Brasil, o antúrio, em parceria com produtores de Holambra, um importante centro de floricultura no estado de São Paulo. O filme biodegradável mostrou-se altamente eficiente, degradando-se completamente no solo em até 90 dias, sem deixar resíduos tóxicos.
Um Material que Se Adapta a Diferentes Culturas
O filme foi moldado em pequenos vasos que substituem os tradicionais recipientes usados no cultivo de plantas ornamentais. Além de reduzir os custos para os agricultores, essa solução oferece uma aplicação potencial para outras culturas. “Com pequenas adaptações, podemos expandir o uso dessa tecnologia para diversas plantações, aumentando ainda mais sua relevância no setor agrícola,” ressalta Souza.
Segundo os pesquisadores, o Brasil possui uma vantagem competitiva na produção desse filme, já que o país é um grande produtor de celulose e algas, matérias-primas fundamentais para o desenvolvimento do material. Além disso, a sustentabilidade do projeto é evidenciada pela ausência de resíduos plásticos e pela redução do uso de fertilizantes, uma vez que o filme otimiza a liberação dos nutrientes.
Redução de Impactos Ambientais e Econômicos
O uso de microplásticos na agricultura vem sendo amplamente criticado devido ao impacto ambiental que eles causam. O filme biodegradável desenvolvido pela UFSCar visa eliminar essa prática, oferecendo uma solução mais sustentável. “Esse material permite que os fertilizantes sejam liberados de forma controlada, evitando o desperdício e minimizando os danos ambientais”, afirma André Oliveira, engenheiro agrônomo especializado em agricultura sustentável.
Além de ser uma alternativa ecologicamente responsável, o filme também tem benefícios econômicos. A redução na perda de nutrientes significa que os agricultores podem utilizar menos fertilizantes, o que se traduz em economia de insumos. Souza destaca que o material “segura” os compostos, impedindo que sejam levados pela água das chuvas ou da irrigação, o que é comum no uso de fertilizantes convencionais.
Tecnologia Aplicada no Campo
Os primeiros testes de campo demonstraram que o filme biodegradável oferece resistência e durabilidade suficientes para o uso em larga escala. Segundo Souza, a combinação de nanofibras de celulose com biopolímeros de algas garante que o material seja resistente à água, mas que se degrade de forma natural após cumprir sua função. “Estamos monitorando em tempo real a liberação de nutrientes e a decomposição do material no solo, e os resultados são extremamente promissores”, comenta.
Após o sucesso com os testes de antúrio, os pesquisadores planejam expandir o uso do filme para outras culturas agrícolas. O objetivo é que essa inovação possa beneficiar tanto pequenos quanto grandes produtores, ajudando a criar uma agricultura mais sustentável e eficiente.
Futuro Promissor para a Agricultura Sustentável
O desenvolvimento dessa tecnologia marca um passo importante rumo a uma agricultura mais sustentável e menos dependente de insumos prejudiciais ao meio ambiente. Com a perspectiva de patentear o produto e expandir seu uso para diferentes setores da agricultura, a UFSCar demonstra que soluções inovadoras e sustentáveis são o caminho para um futuro mais verde e produtivo.
Segundo Oliveira, a demanda por práticas agrícolas que respeitem o meio ambiente está crescendo, e tecnologias como o filme biodegradável são essenciais para alcançar esse objetivo. “A sustentabilidade não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para o futuro da agricultura. Iniciativas como essa mostram que é possível produzir de forma eficiente e responsável,” conclui o engenheiro agrônomo.
Autora convidada, Ivani K. é uma paisagista e jardineira com mais de 30 anos de experiencia, apaixonada por criar espaços que vão além da estética. Seus posts são informativos, criativos e motivadores, ajudando as pessoas a criarem seus próprios oásis verdes.