A agroecologia vem ganhando cada vez mais espaço nas cidades, como uma solução para garantir alimentos saudáveis e, ao mesmo tempo, promover sustentabilidade. As hortas comunitárias, conhecidas como “jardins comestíveis”, são um exemplo prático dessa mudança.
Na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro, essa iniciativa tem impactado positivamente a vida de muitos moradores, oferecendo não apenas alimentos frescos, mas também uma nova relação com o meio ambiente e a comunidade.
Maricá e o sucesso das hortas comunitárias
Em 2020, Maricá iniciou seu primeiro projeto de horta comunitária em uma praça pública. O sucesso foi tão grande que, atualmente, a cidade conta com cinco hortas espalhadas por bairros como Guaratiba, São José do Imbassaí, Parque Nanci, Itapeba e Bambuí. Além disso, duas praças em Araçatiba e Flamengo e uma fazenda municipal também foram transformadas em áreas de cultivo.
Esse modelo de agricultura urbana não apenas ocupa os espaços urbanos ociosos, mas também envolve a população em uma prática sustentável e saudável. Segundo Juliana Tângari, diretora do Instituto Comida do Amanhã, “a agroecologia urbana não só aproxima o consumidor do alimento, como o faz de forma sustentável, respeitando os ciclos da natureza e os limites do planeta”. Essa abordagem transforma a cidade em um espaço de produção e educação ambiental.
Colheitas que alimentam a comunidade
As hortas comunitárias de Maricá produzem uma variedade impressionante de alimentos, como alface, rúcula, rabanete, berinjela e chicória, somando mais de 280 itens. A cada colheita, realizada duas vezes por mês, os moradores são informados pelos canais oficiais da prefeitura sobre a disponibilidade dos alimentos. A produção anual chega a 15 toneladas de alimentos frescos, que são distribuídos gratuitamente à população.
Esse acesso à alimentação saudável faz uma enorme diferença em uma realidade onde, segundo o IBGE, 27,6% dos domicílios brasileiros enfrentam algum nível de insegurança alimentar. Além de melhorar a nutrição, essas hortas contribuem para fortalecer laços comunitários e promover a sustentabilidade.
Educação e hortas caseiras
Além de fornecer alimentos, o projeto em Maricá também promove oficinas para ensinar os moradores a cultivar suas próprias hortas em casa. Essa prática, segundo Patrícia da Costa Silva, uma das beneficiadas, mudou sua vida: “Antes, eu comprava tudo no mercado.
Hoje, planto meu próprio alimento e levo uma vida muito mais saudável”. A educação ambiental, promovida através dessas oficinas, é uma ferramenta poderosa para a mudança de hábitos e para a valorização do cultivo agroecológico.
Maricá como referência internacional
O projeto de hortas comunitárias de Maricá ganhou visibilidade internacional em 2022, quando foi integrado ao Fórum de Milão, o mais importante evento global sobre segurança alimentar e sustentabilidade. A cidade se tornou um modelo de políticas públicas voltadas para a alimentação saudável e a preservação ambiental.
Esse reconhecimento reforça o potencial das hortas urbanas para transformar não apenas a vida das pessoas, mas também as políticas de alimentação e sustentabilidade em larga escala. Como destaca Juliana Tângari, “esse tipo de projeto não é apenas uma solução local, mas um modelo que pode ser replicado em muitas outras cidades”.
O impacto das hortas comunitárias nas cidades
A horta comunitária de Maricá é muito mais do que um espaço de cultivo. Ela é uma ferramenta de transformação social, que promove educação, sustentabilidade e segurança alimentar. A iniciativa aproxima os moradores da terra, criando uma relação mais consciente com o meio ambiente e com o alimento que consomem. Além disso, essas hortas ajudam a revitalizar os espaços públicos, tornando os bairros mais verdes e agradáveis.
A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.