Em um momento de escassez de produtos acessíveis para combater pragas agrícolas, o produtor Sérgio Maia encontrou uma solução inovadora: um fertilizante orgânico natural, à base de extratos de plantas e algas marinhas, que não só combate o nematoide como também a fusariose, ambas pragas que afetam diversas culturas, como banana, café e soja.
A fábrica destinada à produção desse fertilizante, localizada em Linhares, no Espírito Santo, está prestes a entrar em operação, com uma capacidade de produção de 40 mil litros por mês. “O desenvolvimento desse produto foi uma resposta à necessidade dos pequenos produtores que enfrentam dificuldades com o custo elevado de defensivos agrícolas”, explica Sérgio, que investiu cerca de R$ 800 mil na construção da fábrica.
Uma solução nascida da necessidade
A trajetória que levou Sérgio a desenvolver o fertilizante começou em 2013, quando o mercado brasileiro restringiu o uso de vários produtos para controle de nematoides, uma das pragas mais destrutivas para a agricultura. Como pequeno produtor, Sérgio não conseguia arcar com os altos custos das alternativas disponíveis e decidiu buscar uma solução. “Dediquei muito tempo a pesquisas em bibliotecas e trabalhos acadêmicos até encontrar substâncias naturais que pudessem reduzir significativamente a população de nematoides”, conta.
Os primeiros testes foram feitos em plantações de banana, uma cultura extremamente vulnerável ao ataque dessas pragas. Dois meses após o início da aplicação do fertilizante, os resultados já eram visíveis. A redução das pragas e a melhora no vigor das plantas motivaram Sérgio a aprimorar a fórmula, incorporando novas substâncias e algas marinhas para aumentar sua eficácia.
Expansão para outras culturas
O sucesso do fertilizante orgânico na cultura da banana logo despertou o interesse de outros produtores. “Quando percebi que a fórmula funcionava tão bem para o controle do nematoide, comecei a explorar sua aplicação em outras culturas, como o café”, comenta Sérgio. O cafeicultor Dalber Ferreguetti foi um dos primeiros a testar o produto em sua plantação, e os resultados foram surpreendentes. “Em pouco mais de um mês, a lavoura já mostrava sinais de recuperação. As folhas amarelas sumiram, e a fusariose, que antes destruía o caule, foi controlada”, relata Dalber.
A eficácia do produto em diversas culturas consolidou a confiança dos agricultores, especialmente em regiões como Espírito Santo e Goiás, onde o combate ao nematoide é um desafio constante. Dalber acrescenta que, apesar de não eliminar completamente a mortalidade das plantas, o fertilizante orgânico proporcionou uma notável sobrevida, permitindo que lavouras mais antigas continuem produtivas.
Produção em larga escala e novas fronteiras
A crescente demanda pelo fertilizante natural impulsionou Sérgio a investir na criação de uma fábrica dedicada à produção do produto. Inicialmente, a planta operará com metade de sua capacidade, mas a expectativa é atingir os 40 mil litros mensais nos próximos seis meses, à medida que o uso do fertilizante se expande para novas culturas e regiões. “A aceitação tem sido tão positiva que já estamos vendo resultados promissores também na cultura da soja, onde os testes em Goiás começaram com 60 hectares e já ultrapassam 2.500 hectares”, destaca o produtor.
Essa solução inovadora, além de contribuir para um manejo sustentável das lavouras, representa um avanço significativo na redução de custos para pequenos e médios agricultores. Segundo o engenheiro agrônomo João Batista, especialista em defensivos agrícolas, “produtos à base de extratos naturais são uma tendência crescente no setor, pois unem eficiência no controle de pragas com a redução do impacto ambiental”. João reforça que, com a expansão da fábrica, esse fertilizante tem potencial para transformar o mercado agrícola brasileiro.
O futuro da agricultura sustentável
Com o início das operações da fábrica de fertilizantes em Linhares, a expectativa é que mais produtores adotem essa solução orgânica, especialmente à medida que enfrentam desafios como a fusariose e o nematoide em suas lavouras. Sérgio está otimista quanto ao futuro e já vislumbra novas oportunidades para expandir sua produção, atendendo não só o mercado nacional, mas também explorando parcerias internacionais.
“Acredito que estamos apenas começando. O impacto desse fertilizante pode ser ainda maior à medida que mais estudos sobre sua eficácia em diferentes culturas sejam realizados”, comenta Sérgio. Ele finaliza, ressaltando a importância de soluções naturais e acessíveis para garantir a sustentabilidade no campo, destacando que, em tempos de mudanças climáticas e restrições ambientais, a inovação se torna uma necessidade, não apenas uma escolha.
A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.