Existe algo de poético na maneira como o capim-do-Texas balança ao vento. Suas inflorescências longas e sedosas, que lembram plumas em tons que vão do rosa-claro ao vinho, criam um espetáculo silencioso e contínuo ao longo do ano, especialmente sob a luz do pôr do sol. De origem africana e asiática, mas popularizado no sudoeste dos Estados Unidos — o que explica o nome popular —, o Pennisetum setaceum tornou-se uma das gramíneas mais queridas dos jardins contemporâneos no Brasil.
Ao mesmo tempo que é delicado no visual, ele é uma planta extremamente resistente, adaptando-se bem a diferentes tipos de solo, de clima e até mesmo a locais com baixa manutenção. Seu uso paisagístico cresce ano após ano, seja como ponto focal em canteiros ou compondo maciços em áreas secas, bordas de caminhos, vasos ou taludes. O segredo do seu sucesso? Uma combinação entre estética natural, baixa exigência de cuidados e um movimento orgânico que parece trazer o jardim à vida.
Um toque de natureza selvagem no paisagismo moderno
Apesar de ser exótica por aqui, o capim-do-Texas se aclimatou com facilidade ao solo e clima brasileiros. Hoje, ele é uma das escolhas favoritas para jardins de inspiração desértica, tropicais e até tropicais-secos, justamente por combinar beleza com rusticidade. Suas folhas arqueadas formam touceiras que podem alcançar de 60 cm a 1 metro de altura, enquanto as inflorescências, chamadas de espigas, se elevam com graça e leveza acima da folhagem. Algumas variedades possuem espigas mais escuras, em tons de vinho e roxo, que causam um impacto visual ainda maior quando agrupadas.

Segundo a paisagista Cris Bermudez, o capim-do-Texas carrega consigo uma “elegância espontânea”, que se encaixa perfeitamente na proposta de um jardim com menos rigidez formal e mais conexão com o natural. “Ele traz movimento e textura ao paisagismo. Funciona como moldura de caminhos, compõe com suculentas, cactos e pedras, ou até como pano de fundo para espécies floridas. É versátil e fácil de harmonizar”, comenta.
Essa versatilidade tem impulsionado seu uso também em áreas públicas e comerciais, onde a baixa manutenção é um requisito essencial. Mesmo em calçadas ou canteiros urbanos, a planta se mostra resistente à seca, ventos e até à poluição, desde que plantada em solo bem drenado e com exposição solar adequada.
Como cuidar do capim-do-Texas para mantê-lo sempre bonito
Embora seja uma planta de fácil manejo, o capim-do-Texas se desenvolve melhor quando alguns cuidados básicos são respeitados. O principal deles é a escolha do local: ele precisa de pleno sol para florescer com intensidade e manter suas folhas firmes e coloridas. Ambientes sombreados resultam em folhagens frágeis e inflorescências escassas.

De acordo com o engenheiro agrônomo Leonardo Paiva Corrêa, o solo deve ser leve, bem drenado e, de preferência, enriquecido com matéria orgânica no momento do plantio. “Essa é uma gramínea que tolera solos pobres, mas responde bem a adubações sazonais, especialmente com compostos orgânicos, como húmus de minhoca. Com isso, ela ganha mais vigor e as espigas florescem por mais tempo”, explica.
Outro ponto importante é a poda. No final do inverno ou início da primavera, recomenda-se fazer uma poda de renovação, cortando a touceira a cerca de 10 a 15 cm do solo. Esse corte estimula o crescimento de novas folhas e rejuvenesce o visual da planta. Durante o ano, é possível remover espigas secas e folhas amareladas para manter a estética limpa e bem cuidada.

Embora tolere períodos de seca, o capim-do-Texas aprecia regas regulares nos primeiros meses após o plantio. Depois de bem estabelecido, precisa apenas de água em épocas muito quentes ou quando o solo estiver completamente seco. Vale lembrar que o excesso de umidade, especialmente em solos compactados, pode prejudicar suas raízes e atrair fungos.
Um efeito cênico que dura o ano inteiro
Poucas plantas conseguem combinar presença escultural e leveza como o capim-do-Texas. Seu efeito decorativo não depende de floração exuberante ou de folhas grandes. Ao contrário: são suas formas finas e fluidas que encantam, principalmente quando o vento atravessa as espigas e cria um balé silencioso e constante.
Além disso, é uma escolha acertada para quem deseja um jardim de baixa manutenção, sustentável e adaptado ao clima tropical brasileiro. Em vasos grandes, em grupos ou como bordadura, ele imprime um estilo contemporâneo, acolhedor e cheio de movimento — como se a natureza tivesse desenhado o espaço sem pressa.

A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.