Nem todo apartamento é banhado por luz natural intensa — e está tudo bem. Ambientes com pouca incidência solar direta também podem abrigar um verdadeiro oásis verde. Na verdade, algumas espécies vegetais são especialmente adaptadas para viver sob luz indireta ou até mesmo em meia-sombra, tornando-se perfeitas para salas, corredores e até banheiros bem ventilados. Ao contrário do que muitos pensam, é possível cultivar plantas vibrantes e floridas mesmo em espaços mais fechados, desde que sejam feitas escolhas certas e que o cultivo receba os cuidados apropriados.
Segundo a paisagista Gabi Piccino, “é cada vez mais comum projetarmos apartamentos com presença de plantas em ambientes com pouca luz direta. A chave está na seleção das espécies, mas também em entender como cada planta responde ao espaço e aos cuidados diários”. Para inspirar esse processo, destacamos seis espécies que não só sobrevivem bem à baixa luminosidade, como também trazem cor, textura e elegância para a decoração do lar.
Antúrio
O Anthurium andraeanum, com suas folhas largas e brilho intenso, é um clássico dos interiores brasileiros. Suas inflorescências em vermelho, rosa ou branco surgem mesmo em locais sem sol direto, desde que a planta receba claridade difusa. O segredo para manter o antúrio saudável está na umidade: o substrato deve ser leve, rico em matéria orgânica e levemente úmido, sem encharcar.

Além disso, a folhagem agradece por ambientes úmidos, como cozinhas ou banheiros com janela. O engenheiro agrônomo Fábio Assef destaca que “o antúrio, apesar de sua aparência tropical, adapta-se muito bem a interiores, desde que não receba correntes de ar frio nem fique exposto a variações bruscas de temperatura”.
Hera
Delicada, pendente e de visual romântico, a Hedera helix — popularmente chamada de hera — é ideal para decorar prateleiras, estantes e vasos suspensos. De origem europeia, essa espécie se desenvolve muito bem em locais com pouca luz, desde que não fiquem abafados. Para estimular seu crescimento e manter a folhagem viçosa, o solo deve ser mantido sempre levemente úmido e as folhas, eventualmente, limpas com pano seco para evitar o acúmulo de poeira.

Renata Guastelli, paisagista especializada em projetos de interiores, lembra que “a hera é uma planta que exige atenção à ventilação do ambiente. Em locais muito abafados, ela pode ser atacada por fungos e cochonilhas, por isso, abrir janelas e observar a planta semanalmente são cuidados essenciais”.
Jiboia
Se existe uma planta que parece feita sob medida para iniciantes, essa planta é a jiboia (Epipremnum pinnatum). Com folhas verdes mescladas de amarelo e crescimento vigoroso mesmo em locais com luz fraca, ela se adapta a vasos de chão, suportes de parede ou mesmo em cachepôs suspensos. Além de resistente, é extremamente tolerante à rega irregular, preferindo períodos de seca entre uma irrigação e outra.

Segundo Fábio Assef, “a jiboia é uma excelente opção para espaços internos e até mesmo escritórios, pois tem a capacidade de purificar o ar e se adapta bem ao clima controlado, como o de ambientes com ar-condicionado”. Basta não deixá-la sob luz solar direta, o que pode queimar suas folhas sensíveis.
Leia-rubra
A Cordyline fruticosa, popularmente conhecida como leia-rubra, é perfeita para quem deseja uma explosão de cor em meio ao verde. Com suas folhas alongadas e tons que variam entre o bordô e o fúcsia, essa planta tropical tem presença marcante mesmo em locais com baixa incidência solar. Em ambientes internos, seu cultivo exige substrato bem drenado, boa ventilação e umidade constante no solo, mas sem excessos.

A folha da leia-rubra costuma acumular poeira com facilidade, o que pode atrapalhar a fotossíntese. Por isso, limpá-la com pano úmido é uma prática importante para manter o brilho e a saúde da planta. Gabi Piccino acrescenta que “essa é uma planta que responde bem ao carinho: se estiver em local com luz filtrada, rega regular e longe de ventos frios, ela vai manter a intensidade de cor por muito tempo”.
Maranta-pavão
A Calathea makoyana, também conhecida como maranta-pavão, é uma planta que impressiona pelo desenho exuberante de suas folhas. Originária das florestas tropicais brasileiras, ela se sente em casa em ambientes internos com meia-sombra e boa umidade no ar. Suas folhas, que se recolhem à noite em um movimento quase coreografado, trazem charme e movimento ao ambiente.

Por ser uma planta sensível a temperaturas extremas e à baixa umidade, a maranta aprecia borrifadas de água nas folhas nos dias secos e vasos com substrato rico em matéria orgânica. Fábio recomenda manter essa planta longe de correntes de ar e reforça: “o ideal é cultivá-la próxima a janelas com cortina translúcida ou em locais onde receba luz indireta constante”.
Orquídeas Phalaenopsis
Símbolo de sofisticação e beleza atemporal, as Phalaenopsis são orquídeas que se adaptam surpreendentemente bem a interiores. Ao contrário do que muitos imaginam, elas não precisam de sol direto para florescer. Basta que recebam luz difusa e sejam regadas apenas quando as raízes estiverem prateadas — sinal de que a planta precisa de hidratação.

As Phalaenopsis preferem vasos transparentes e bem drenados, o que permite acompanhar o estado das raízes. Renata Guastelli destaca que “essa orquídea ama ficar próxima a janelas voltadas para o leste, onde o sol da manhã chega suavemente. Em apartamentos, é uma das espécies mais duráveis e generosas em floração”.

A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.