A rosa-do-deserto (Adenium obesum) é uma planta que parece feita sob medida para jardins tropicais e varandas bem iluminadas. Com sua base engrossada e dramática — conhecida como caudex — e flores de tons intensos, que vão do rosa ao vinho profundo, ela é sinônimo de beleza exótica e resistência. Mas há um segredo para manter essa suculenta sempre saudável, equilibrada e florindo com intensidade: a poda.
Mais do que um gesto estético, podar a rosa-do-deserto é uma ação que atua diretamente no ciclo de crescimento da planta, favorecendo ramificações mais densas e floradas. Quando feita no momento certo e com a técnica adequada, ela transforma por completo o visual do vaso ou do jardim — e ainda ajuda a planta a direcionar energia para onde mais importa: novas folhas, galhos e flores.
O momento certo para podar
A rosa-do-deserto é uma planta que segue o ritmo das estações. Por isso, sua poda deve ser feita preferencialmente durante o período mais quente do ano, especialmente entre o fim da primavera e o início do verão. Segundo a paisagista Gabi Piccino, esse é o período em que a planta se encontra mais ativa, o que favorece uma recuperação rápida e o surgimento de brotações múltiplas: “Quando podada no tempo certo, a rosa-do-deserto responde com vigor, emitindo novos galhos que, em breve, trarão flores mais abundantes.”

Durante o outono e o inverno, o ideal é evitar cortes drásticos. Nessa época, o metabolismo da planta desacelera, e feridas abertas podem demorar mais a cicatrizar — o que aumenta o risco de infecções e estagnação do crescimento.
Como fazer a poda de forma eficiente e segura
Antes de qualquer corte, o primeiro cuidado é com a higiene das ferramentas. A tesoura ou canivete deve estar bem afiado e esterilizado, para evitar que a planta contraia fungos ou bactérias pelo corte. Ao escolher os galhos a serem removidos, é importante observar o formato geral da planta e priorizar aqueles que estejam cruzando o centro, crescendo para dentro ou muito alongados, quebrando a harmonia.

De acordo com o engenheiro agrônomo Fábio Assef, a poda é também uma forma de escultura viva. “A rosa-do-deserto permite uma modelagem criativa. Podemos transformar o visual da planta com poucos cortes bem posicionados”, afirma. Ele explica ainda que, ao cortar o galho, é fundamental deixar cerca de um a dois centímetros de caule acima da ramificação anterior. Isso evita que o tecido mais antigo se deteriore.
Após o corte, o uso de canela em pó ou pasta cicatrizante é altamente recomendado, pois ajuda a selar a ferida e evita a entrada de patógenos. Algumas pessoas também utilizam carvão moído com óleo mineral como solução natural com excelente efeito protetor.
O que esperar após a poda
Logo após a intervenção, a planta pode aparentar um visual mais “pelado”, mas não se assuste: em poucas semanas, surgirão novos brotos exatamente nos pontos cortados. Essas novas ramificações tendem a crescer com mais força, multiplicando as chances de uma floração exuberante nos meses seguintes.
Além disso, a rosa-do-deserto costuma formar caules mais grossos e bem distribuídos após podas regulares, ganhando uma aparência escultural — uma característica muito apreciada por colecionadores e amantes da jardinagem.

A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.