Poucas plantas causam tanto impacto visual dentro de casa quanto a costela-de-adão (Monstera deliciosa). Suas folhas recortadas, grandes e exuberantes, evocam uma estética tropical e sofisticada, marcando presença em salas, varandas e até em projetos de interiores assinados por grandes arquitetos. Mas, por trás de toda essa imponência verde, existe uma planta sensível a desequilíbrios no cultivo — e um dos sinais mais comuns de que algo não vai bem é o amarelamento das folhas.
Ver uma costela-de-adão amarela pode ser angustiante para quem cuida da planta com carinho. Entretanto, antes de entrar em pânico, é preciso entender que essa mudança na coloração pode ter diversas causas — e, com o diagnóstico certo, é possível reverter o quadro e recuperar sua beleza com eficiência. “O amarelamento das folhas é uma resposta visível da planta a algum tipo de estresse, que pode ir desde a falta de luz até o excesso de água acumulada no vaso”, explica a engenheira agrônoma e paisagista Elaine Kalil, especialista em espécies tropicais e ambientes internos.
Excesso de água ou falta de luz?
Apesar de parecer robusta, a Monstera deliciosa é uma planta que responde rapidamente às variações no ambiente. Quando suas folhas começam a amarelar, o erro mais comum está na rega exagerada. Essa espécie tropical aprecia solo levemente úmido, mas jamais encharcado. “A estrutura das raízes da costela-de-adão é muito sensível ao apodrecimento, o que ocorre com frequência quando a drenagem do vaso é ineficiente”, alerta Elaine. Em ambientes com pouca luz, esse problema se agrava, já que a planta demora mais para consumir a umidade presente no substrato.

Outro fator importante é a incidência de luz. Embora tolere ambientes com sombra parcial, a costela-de-adão precisa de luminosidade indireta abundante para manter suas folhas verdes e com recortes definidos. Segundo o paisagista Arnaldo Degasperi, o segredo está no equilíbrio: “Um local bem iluminado, mas sem sol direto, permite que a planta faça fotossíntese com vigor, mantendo o viço das folhas e prevenindo alterações na coloração”.
Como salvar sua planta?
Quando o amarelamento aparece, agir rápido é fundamental. A primeira providência é avaliar o solo: ele está sempre molhado? O vaso possui furos suficientes no fundo? O substrato é aerado ou compacto demais? Nessas horas, vale a pena trocar o vaso por um modelo maior e garantir uma mistura leve, rica em matéria orgânica, com adição de perlita ou casca de pinus para aumentar a drenagem.

Outro cuidado essencial é observar a ventilação e a umidade do ambiente. A costela-de-adão se desenvolve melhor quando o ar está úmido — o que não significa solo encharcado. Se o espaço for muito seco, borrifar as folhas ou utilizar um umidificador pode ser uma boa alternativa. Já em locais abafados, como cozinhas ou lavanderias, é melhor posicioná-la perto de janelas, onde há circulação de ar constante.
Nutrição e manutenção
Após corrigir os erros de cultivo, a planta costuma apresentar melhora visível em poucas semanas. Mas para que o verde retorne com força total, uma adubação equilibrada faz toda a diferença. “Adubos ricos em nitrogênio ajudam a estimular a produção de novas folhas, enquanto o magnésio e o ferro evitam o surgimento de manchas amareladas”, sugere Arnaldo Degasperi. Ele também recomenda o uso de fertilizantes orgânicos líquidos diluídos na água da rega, com frequência quinzenal.
Além disso, vale lembrar que folhas amareladas dificilmente voltarão ao tom original. Nesses casos, o ideal é removê-las com uma tesoura limpa e esterilizada, direcionando a energia da planta para as folhas novas. Com os cuidados certos e um olhar atento aos sinais que a Monstera dá, ela voltará a ser o destaque verde do seu ambiente — e, talvez, até mais linda do que antes.

A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.