A orelha-de-elefante é daquelas plantas que impressionam à primeira vista. Suas folhas gigantescas, com nervuras marcadas e textura exuberante, são verdadeiros destaques em qualquer composição paisagística — seja no jardim, em varandas cobertas ou mesmo como protagonista em interiores bem iluminados. Originária das florestas tropicais asiáticas e pertencente ao gênero Alocasia, essa planta traz um ar de selva tropical para os espaços e se tornou uma queridinha dos projetos contemporâneos de decoração botânica.
Além da versão verde intensa, a orelha-de-elefante conta com variações raras e ainda mais cativantes, como a Alocasia macrorrhizos variegata, com manchas brancas marmorizadas que criam um efeito artístico nas folhas. Mas para que toda essa beleza se mantenha firme e saudável, é essencial conhecer as necessidades específicas dessa espécie, que exige cuidados distintos conforme o local e a fase de crescimento.
Luz e clima: como encontrar o equilíbrio ideal
Apesar de sua aparência robusta, a orelha-de-elefante tem hábitos sensíveis quando o assunto é iluminação. Por ser uma planta de origem florestal, ela se desenvolve melhor em ambientes com luz indireta abundante, típica de áreas sombreadas sob copa de árvores. No entanto, isso não significa ausência de luminosidade — pelo contrário, ela precisa de claridade constante para manter o brilho e o tamanho das folhas. Ambientes internos próximos a janelas, varandas com cortinas de luz e jardins com meia-sombra são ideais para seu cultivo.

Segundo a paisagista Mariana Azevedo, da Floraria Paisagismo, o excesso de sol direto pode causar queimaduras nas folhas, especialmente nas bordas. “É comum observar pontas secas ou amareladas quando a planta está exposta ao sol por muitas horas. O ideal é protegê-la da incidência direta nos horários mais quentes do dia”, explica. Já em regiões com clima mais ameno, a planta se adapta bem desde que o ambiente seja úmido e protegido do vento forte.
Regas e substrato: umidade na medida certa
A irrigação da orelha-de-elefante precisa ser feita com equilíbrio. Embora seja amante da umidade, o encharcamento constante do solo pode levar à podridão das raízes, um dos principais motivos de perda da planta em vasos. A melhor prática é observar o substrato: ao tocar com o dedo a cerca de três centímetros de profundidade, se estiver seco, é hora de regar novamente. Quando úmido, o intervalo pode ser prolongado.

O engenheiro agrônomo Bruno Velasco, especialista em plantas tropicais ornamentais, recomenda substratos ricos em matéria orgânica e com boa drenagem. “A combinação de terra vegetal, composto orgânico e perlita ajuda a manter a aeração das raízes sem reter excesso de água. Isso é essencial para evitar fungos e promover um crescimento vigoroso”, orienta. Ainda segundo ele, a gutação — aquelas gotinhas que aparecem nas pontas das folhas — é um comportamento natural da planta quando há excesso de umidade no solo, não sendo motivo de preocupação, mas sim um alerta para ajustar o volume das regas.
Como fazer muda da orelha-de-elefante
Multiplicar a Alocasia é um processo simples e gratificante. A forma mais comum é por divisão de touceira, técnica em que se separa cuidadosamente o rizoma subterrâneo em pedaços que contenham, cada um, ao menos uma gema ativa. Esse método é ideal para manter as características originais da planta, como a coloração e o porte.
No início da primavera, quando a planta está retomando seu ciclo ativo após o inverno, é o momento perfeito para fazer esse tipo de divisão. As mudas devem ser plantadas imediatamente em substrato úmido e mantidas em local protegido da luz direta até que novas brotações surjam. Bruno ressalta que “nessa fase, a planta demanda alta umidade do ar e pouca oscilação térmica. Um ambiente estável favorece o enraizamento e evita o estresse das mudas.”
Cultivo em vasos e no jardim
Seja em jardins tropicais ou em vasos elegantes dentro de casa, a orelha-de-elefante exige espaço. Suas raízes crescem com intensidade, por isso, vasos grandes e profundos são indispensáveis. Os recipientes devem ter furos no fundo e, de preferência, uma camada de argila expandida ou pedras para garantir a drenagem.

Para quem prefere cultivá-la no jardim, o ideal é reservar uma área de pelo menos 4 m², pois a planta se expande lateralmente com o tempo e pode formar grandes touceiras. Em ambos os casos, uma adubação equilibrada com NPK 10-10-10, enriquecida com húmus de minhoca, promove folhas mais largas e um verde mais intenso.

A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.