Quem cresceu com o costume de brincar no quintal provavelmente se lembra dela. Conhecida por muitos como “esqueletinho” por conta da delicadeza das folhas, a Ipomoea quamoclit é uma trepadeira que, mais do que colorir cercas e pergolados, desperta memórias afetivas. Suas flores em forma de estrela, de um vermelho vibrante, atraem não só o olhar de quem passa, mas também beija-flores, abelhas e borboletas — criando uma pequena explosão de vida onde quer que cresça.
Com um crescimento ágil e comportamento trepador, essa espécie conquista rapidamente qualquer estrutura próxima. Além disso, seu visual leve e romântico confere charme a muros simples e grades esquecidas, transformando cantinhos desvalorizados em cenas de jardim encantado.
Um clássico do interior com alma tropical
Originária das Américas e pertencente à vasta família das ipomeias, a Ipomoea quamoclit também é conhecida como cipó-coral, estrela-do-norte, videira-beija-flor ou Estrela-de-Belém. Tantos nomes populares evidenciam o quanto essa planta marcou presença nos quintais brasileiros — seja nas áreas rurais, seja nos jardins urbanos que flertam com o estilo campestre.

De acordo com o botânico Leonardo Paiva Corrêa, a trepadeira tem uma floração que ocorre principalmente nos meses mais quentes, com pico na primavera e verão. “Ela floresce em abundância e, mesmo sendo efêmeras — já que cada flor dura apenas um dia —, o espetáculo diário que proporciona é inesquecível”, explica. De fato, as pequenas flores estreladas se abrem nas primeiras horas da manhã e, ao final da tarde, já estão fechadas, prontas para dar lugar a novas no dia seguinte.
Uma delicadeza versátil e resistente
Embora seja delicada em aparência, a Ipomoea quamoclit surpreende pela resistência. Desde que plantada em um solo levemente úmido e bem drenado, com exposição direta ao sol, ela se desenvolve com extrema facilidade. A germinação das sementes, aliás, é um dos aspectos mais encantadores para quem cultiva — basta plantar e, em poucos dias, os brotos começam a surgir.

Segundo a paisagista Renata Guastelli, esse é um dos motivos pelos quais a espécie ganhou popularidade entre os apaixonados por jardinagem naturalista: “É uma planta que convida à observação, ao cuidado simples e à contemplação do ciclo da natureza. Além disso, seu crescimento é rápido, tornando-a ideal para quem busca resultados em pouco tempo.”
Além das cercas e treliças, a Ipomoea quamoclit também pode ser cultivada em vasos grandes com suportes, em jardins verticais ou em bordas de varandas, onde suas hastes finas se derramam como fios de renda floridos. Seu visual etéreo a torna perfeita para composições com outras espécies leves, como as tumbérgias, lavandas e heras.
O cuidado que inspira o retorno
O cultivo da Ipomoea quamoclit é quase intuitivo. Sol pleno, regas regulares — mas nunca excessivas — e um solo rico em matéria orgânica bastam para garantir sua saúde. A adubação leve, feita a cada dois meses com compostos orgânicos equilibrados, estimula ainda mais sua floração.

Vale destacar que, embora seja anual na maioria das regiões, ela se reproduz com tanta facilidade por sementes que, em muitos casos, reaparece espontaneamente ano após ano — como se o jardim a chamasse de volta.

A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.