As árvores de bordo, encontradas em diversas regiões, são famosas por um fenômeno que encanta tanto curiosos quanto cientistas: a queda de suas sementes aladas, muitas vezes apelidadas de “helicópteras”.
Essas sementes possuem uma estrutura fascinante, que permite que, ao se desprenderem da árvore, girem como hélices de um helicóptero, criando um espetáculo visual no ar. Essa característica não é apenas um detalhe estético, mas um mecanismo sofisticado de sobrevivência e dispersão.
O Movimento Hipnótico das Sementes Aladas
Ao observar as sementes de bordo caindo, fica evidente o movimento giratório único que as diferencia. De acordo com o botânico João Guimarães, “essa rotação é essencial para que a semente viaje maiores distâncias, aproveitando correntes de ar e garantindo que ela se estabeleça longe da árvore-mãe”. Isso reduz a competição por recursos como luz, água e nutrientes, favorecendo a perpetuação da espécie em novas áreas.
O formato dessas sementes, que se assemelham a asas de pequenos insetos, gera a resistência necessária para que o movimento rotacional ocorra. Assim, elas não caem diretamente ao solo, mas flutuam suavemente, prolongando o tempo de queda e aumentando a chance de serem levadas pelo vento. O giro constante permite que alcancem distâncias impressionantes, chegando a lugares onde a árvore-mãe não seria capaz de competir de maneira eficaz.
Dispersão Inteligente: A Estratégia Natural
As árvores de bordo utilizam esse método para garantir que suas futuras gerações encontrem um ambiente propício para crescer. A dispersão das sementes, conhecida como anemocoria, é um dos métodos mais eficientes que a natureza desenvolveu. “A natureza é sábia em criar formas de maximizar as chances de sobrevivência da planta, e o bordo é um excelente exemplo disso”, explica o paisagista Pedro Siqueira, especialista em plantas de clima temperado.
Essa estratégia permite que as sementes se afastem da sombra da planta-mãe, onde a competição por luz e nutrientes é intensa. Além disso, essa dispersão ampla favorece a colonização de novos territórios, aumentando a diversidade ecológica e a ocupação de nichos ambientais ainda inexplorados pela espécie.
Além de garantir a sobrevivência da espécie, as sementes aladas do bordo desempenham um papel importante no ecossistema. Ao caírem em novos locais, elas podem gerar novas árvores que contribuem para a biodiversidade da área, fornecendo alimento e abrigo para várias formas de vida.
A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.