As suculentas conquistaram de vez os corações dos apaixonados por jardinagem — e não é para menos. Com uma variedade quase infinita de formas, texturas e cores, essas pequenas maravilhas da natureza são perfeitas para compor arranjos criativos, decorar ambientes internos e até protagonizar coleções que beiram o artístico.
Entre tantas opções disponíveis, algumas espécies se destacam por suas características únicas e aparência verdadeiramente exótica, que mais parecem saídas de outro planeta. Mas, apesar de encantadoras, elas também exigem cuidados específicos — especialmente quando cultivadas fora de seu habitat original. Por isso, entender as preferências e os desafios de cada uma é essencial para garantir que se desenvolvam com saúde e exuberância.
Euphorbia obesa
De formato arredondado e superfície levemente sulcada, a Euphorbia obesa é uma das suculentas mais intrigantes que existem. Originária da África do Sul, ela se assemelha a uma esfera verde acinzentada, lembrando uma bolinha de tênis viva. Seu charme está exatamente nessa forma geométrica quase perfeita, que pode atingir até 15 centímetros de diâmetro, com padrões sutis e simétricos em tons discretos.

Segundo o botânico Marcelo Roque, pesquisador da flora africana, “a Euphorbia obesa é uma suculenta que evoluiu para armazenar água de forma extremamente eficiente, o que a torna ideal para climas áridos e para cultivo em vasos bem drenados, com pouca rega”. Contudo, ele alerta que essa espécie não tolera solos compactos e precisa de luminosidade intensa para manter seu formato firme e cores vibrantes. Apesar de parecer robusta, trata-se de uma planta sensível ao excesso de água. Além disso, como toda Euphorbia, ela exala uma seiva leitosa tóxica quando danificada, o que exige manuseio cuidadoso, especialmente em casas com crianças e animais.
Adromischus indian clubs
Com folhas grossas, pontiagudas e que crescem eretas como pequenas torres, a Adromischus indian clubs é uma suculenta que remete ao design moderno. Suas folhas, de um verde prateado quase translúcido, possuem marcas arroxeadas que variam conforme a intensidade da luz solar, criando um efeito gráfico surpreendente. Essa espécie, nativa de regiões desérticas da África Austral, prospera em ambientes com temperaturas mais elevadas e pouca umidade.

A paisagista Renata Guastelli destaca que “o segredo para manter a Adromischus saudável é cultivar em substratos muito drenáveis, usando areia grossa ou perlita, e protegê-la da umidade do solo”. Ainda segundo Renata, essa é uma planta que gosta de arejamento constante, sendo ideal para varandas bem iluminadas e protegidas da chuva direta. Sua aparência quase escultural faz dela uma excelente opção para arranjos minimalistas, onde ela pode ser o ponto focal. Como cresce lentamente, é perfeita para quem aprecia a beleza da paciência e quer acompanhar o processo de transformação sutil de cada folha.
Lithops
Talvez nenhuma suculenta seja tão misteriosa quanto o Lithops, também chamado de “planta-pedra”. Essa espécie da África do Sul evoluiu para se camuflar entre as rochas do deserto, com folhas que imitam a textura e coloração das pedras locais. O disfarce é tão eficaz que, em muitas coleções, os exemplares parecem se perder em meio aos seixos decorativos do vaso.

Além da aparência camuflada, os Lithops possuem um ciclo anual de renovação das folhas: a cada ano, uma nova dupla de folhas emerge no centro da planta, substituindo as antigas. Esse processo é curioso e belíssimo, mas exige atenção especial — especialmente na rega. Durante o período de troca de folhas, a planta praticamente para de absorver água, e qualquer irrigação nesse momento pode apodrecê-la.
Marcelo Roque explica que “os Lithops são extremamente adaptados a condições de seca prolongada. Por isso, devem ser regados apenas quando o substrato estiver completamente seco, e, em alguns meses do ano, nem isso”. O cultivo ideal envolve sol pleno e vasos rasos, com substrato arenoso e pedrisco na superfície, simulando seu habitat natural.
Crassula umbella
Entre todas as espécies excêntricas, a Crassula umbella talvez seja a mais poética. Suas folhas formam uma espécie de guarda-chuva vivo, com a base côncava e a borda levemente levantada — uma estrutura perfeita para acumular gotículas de água da manhã. Essa forma não é apenas estética, mas também funcional: ajuda a planta a captar umidade do ambiente, um recurso raro em seus habitats áridos.

Nativa das regiões montanhosas do sul da África, a Crassula umbella prefere locais iluminados, mas sem sol direto o dia todo. É uma planta que se beneficia de luz difusa, o que a torna uma escolha excelente para ambientes internos bem ventilados. No entanto, o excesso de sombra prejudica seu formato característico e compromete o crescimento das folhas. Apesar de parecer frágil, a Crassula umbella reage muito bem à falta de água por alguns dias. O erro mais comum é o excesso de regas, que causa apodrecimento rápido das raízes.

A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.