Durval Teixeira da Cruz, de 78 anos, é a personificação de resiliência e dedicação. Morador do bairro Vista Alegre, em Curitiba, ele transformou um terreno abandonado em uma horta que hoje beneficia não apenas a comunidade, mas também a fauna local.
Natural de Grão Mogol, Minas Gerais, Durval encontrou na terra uma forma de se reconectar com suas raízes e criar um legado de sustentabilidade e cuidado.
Uma história marcada pela força e determinação
A trajetória de Durval é similar à de muitos brasileiros que deixaram o campo em busca de oportunidades. Nascido em uma família de agricultores, ele migrou para o Paraná na década de 1970.
Depois de anos como pedreiro e motorista, aposentou-se com problemas de saúde que limitam sua mobilidade. Mesmo assim, em 2010, ele decidiu transformar a área degradada perto de sua casa em algo produtivo. “Era só mato e entulho. Comecei a limpar e plantar para ocupar minha mente e lembrar da infância na roça”, conta Durval.
Do desprezo ao reconhecimento
No início, as reações da comunidade foram de estranheza. Muitos passavam e chamavam Durval de “maluco” por insistir em trabalhar na terra, mesmo com as dificuldades físicas. Ele, contudo, persistiu.
O plantio de cana-de-açúcar tornou-se uma fonte de renda modesta, mas, para ele, o valor é maior: “Não faço pelo dinheiro, faço para manter a cabeça ativa”, diz. Hoje, o reconhecimento chegou, e os mesmos vizinhos que antes duvidavam agora o elogiam e apoiam.
A horta que acolhe a natureza e a comunidade
A área cultivada por Durval, de aproximadamente 500 metros quadrados, não é apenas um exemplo de produção agrícola. Ela também se tornou um refúgio para diversas espécies de animais.
Tucanos, gralhas-azuis e até tatus são visitantes frequentes do espaço, beneficiados pela presença de plantas como abacateiros, bananeiras e alfaces. “Os pássaros têm de tudo, de tucano a gralha-azul. Já encontrei até tatu escondido”, relata o aposentado.
Sustentabilidade e impacto social
A horta de Durval não só embeleza o bairro como também ressignifica a relação da comunidade com o espaço público. Sua iniciativa reflete a importância de integrar sustentabilidade às cidades.
Ao recuperar um terreno antes abandonado, ele mostrou que é possível aliar preservação ambiental e benefícios sociais. “Mexer na terra me faz reviver memórias e honrar meus pais. É um trabalho de alma”, destaca.
A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.