Biodiversidade redescoberta: plantas consideradas extintas voltam a aparecer em São Paulo

Pesquisa revela redescoberta de espécies e destaca a importância da conservação ambiental para a biodiversidade paulista

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Uma expedição recente liderada por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, trouxe uma descoberta surpreendente para a botânica paulista.

Em uma unidade de conservação no litoral do Estado de São Paulo, os cientistas encontraram dois exemplares de plantas nativas que haviam sido classificadas como extintas no território paulista. Além disso, o estudo identificou 18 outras espécies que estão em risco de extinção, reforçando a importância de preservar áreas naturais para a manutenção da biodiversidade.

Descobertas no Parque Estadual Lagamar de Cananeia

A expedição ocorreu no Parque Estadual Lagamar de Cananeia, uma vasta área de preservação ambiental com mais de 40 mil hectares. Durante a pesquisa de campo, os cientistas identificaram exemplares da Myrcia loranthifolia e da Peperomia diaphanoides, ambas anteriormente consideradas extintas no Estado.

A Myrcia loranthifolia, pertencente à família das Myrtaceae (a mesma da jabuticaba e pitanga), é uma planta arbustiva de grande porte. Já a Peperomia diaphanoides é uma erva epífita, que vive no alto de árvores, o que exigiu a habilidade de um escalador para acessá-la. Essas plantas foram encontradas em uma área preservada da restinga, a vegetação típica da costa litorânea.

A importância da conservação ambiental

O estudo revelou não apenas a presença dessas duas espécies, mas também destacou a existência de outras 18 espécies nativas que estão em risco de extinção. Segundo o pesquisador Claudio de Moura, do IPA, “esse tipo de descoberta ressalta o papel fundamental das áreas de conservação na proteção das espécies ameaçadas”.

Ele também apontou que o Brasil ainda tem muito a descobrir sobre sua flora, sugerindo que mais espécies podem estar em situações semelhantes de desconhecimento e risco.

A diversidade do Parque Lagamar

O levantamento da flora realizado pelos pesquisadores abrangeu 540 espécies de plantas vasculares no parque, plantas que possuem sistemas especializados para transportar água e nutrientes, o que permite seu maior desenvolvimento e complexidade.

Essas espécies demonstram a riqueza da vegetação local e a importância do Parque Estadual Lagamar de Cananeia, que preserva desde a vegetação litorânea até a Serra de Paranapiacaba. A região faz parte do Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga, que possui um total de 243 mil hectares dedicados à conservação da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados e ricos em biodiversidade do Brasil.

A relevância do bioma da Mata Atlântica

A Mata Atlântica, que abrange boa parte do Parque Lagamar, é considerada um dos biomas mais relevantes para a conservação global devido ao alto número de espécies endêmicas que abriga. Contudo, é também uma das regiões mais afetadas pela ação humana, o que aumenta os riscos de extinção de diversas espécies. Preservar áreas como o Parque Lagamar é essencial para garantir a sobrevivência dessas plantas e contribuir para a conservação da biodiversidade.

Segundo o botânico André Moura, “a pesquisa realizada no parque é um lembrete de que as áreas de preservação não são apenas refúgios para espécies ameaçadas, mas também laboratórios vivos que oferecem oportunidades únicas para a redescoberta da nossa flora”. Moura enfatiza que essas iniciativas são essenciais para a preservação do patrimônio natural e para o avanço da ciência.

A proteção do futuro

A redescoberta dessas espécies reforça a importância das unidades de conservação no combate à extinção. Como lembra a engenheira florestal Paula Cardoso, “preservar o patrimônio vegetal do Brasil é uma ação urgente que exige apoio contínuo e políticas eficazes para proteger a biodiversidade e mitigar os impactos das atividades humanas”.

Com a publicação do estudo na revista Hoehnea, o trabalho dos pesquisadores no Parque Estadual Lagamar de Cananeia ressalta o valor das unidades de conservação para o futuro da biodiversidade paulista e brasileira, permitindo que mais espécies nativas sejam protegidas para as futuras gerações.

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