Ao cair da noite, quando o calor dá uma trégua e o sol se despede lentamente, algumas flores oferecem um verdadeiro espetáculo. São plantas que esperam a escuridão para abrir suas pétalas, espalhando beleza e perfume entre a brisa suave da madrugada. Ao amanhecer, essas flores voltam a se fechar, como num ritual reservado apenas para a luz da lua.
Esse comportamento noturno, além de encantar quem observa, cumpre um papel importante na natureza: atrair polinizadores que estão ativos à noite, como mariposas e morcegos. Como destaca o botânico Anderson Correia, “as flores que desabrocham à noite criam uma relação especial com a fauna noturna, tornando-se peças fundamentais para o equilíbrio ambiental.” Por isso, cultivá-las vai além da estética, transformando o jardim num ecossistema vibrante e cheio de vida.
Mandacaru
O mandacaru (Cereus jamacaru) é um ícone da caatinga que impressiona tanto pelo porte quanto pelas flores noturnas. Essa cactácea pode alcançar metros de altura e se adapta bem a solos pobres e clima seco. Suas flores brancas e perfumadas surgem entre a primavera e o verão, sempre durante a noite, e duram apenas até o início da manhã.

A engenheira agrônoma Juliana Camargo, especialista em cactáceas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, explica que o segredo para o mandacaru florescer com vigor está em um solo bem drenado e regas espaçadas: “É uma planta que precisa de sol intenso e solo arenoso. Regas esparsas, em média uma vez por semana, são o bastante para que ele se desenvolva com saúde.”
Prímula-da-noite
A prímula-da-noite (Oenothera biennis) encanta com flores amarelas que se abrem quando o dia se apaga. Originária da América do Norte, essa herbácea prefere solo rico em matéria orgânica e bem drenado. Ela atrai mariposas que, com suas longas trombas, encontram néctar escondido em suas flores tubulares.

O paisagista Rodrigo Sampaio, que assina projetos para áreas externas em São Paulo, recomenda regas moderadas e um local que receba luz filtrada ao longo do dia. “A energia acumulada durante o dia dá força para o espetáculo acontecer à noite, garantindo uma floração generosa e cheia de encanto”, afirma.
Echinopsis tubiflora
Também chamada de cacto-sianinha, a Echinopsis tubiflora floresce apenas uma vez por ano e impressiona com suas flores brancas e longas, que liberam um perfume intenso logo após o anoitecer. Suas flores tubulares permanecem abertas até a manhã seguinte, quando começam a murchar.

O botânico Carlos Figueiredo, autor de artigos sobre plantas tropicais na Universidade Federal de Minas Gerais, destaca que a espécie precisa de solo arenoso e bem drenado para florescer plenamente. “Mesmo cultivada em vasos, a Echinopsis tubiflora dá flores espetaculares quando recebe luz direta e tem a rega controlada, evitando o encharcamento”, ensina.
Ipomoea alba
Também chamada de dama-da-noite ou moonflower, a Ipomoea alba produz flores grandes, brancas e muito perfumadas que desabrocham assim que o sol desaparece no horizonte. Ela cresce como trepadeira vigorosa, ideal para cobrir cercas, pérgolas e treliças em jardins tropicais.

A paisagista Carla Nascimento, que desenvolve projetos para varandas e terraços em Recife, recomenda solo fértil, regas regulares e muito espaço para que a planta possa se espalhar. “A Ipomoea alba dá um toque romântico e quase cinematográfico aos ambientes externos e atrai polinizadores noturnos que ajudam a manter o jardim sempre cheio de vitalidade”, conta.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.
Discussion about this post