Ao pensar em um jardim interno com atmosfera tropical, poucos elementos são tão marcantes quanto uma folhagem bem trabalhada, com desenhos naturais que mais parecem obra de um artista. Nesse cenário, duas plantas se destacam como protagonistas absolutas: a begônia-rex e a calathea. Ambas são queridinhas no design de interiores por suas folhas dramáticas, cores vibrantes e visual exuberante — mas, apesar da aparência igualmente impactante, elas têm necessidades e comportamentos bem distintos.
Segundo a paisagista e consultora botânica Marina Azevedo, cada uma dessas espécies se encaixa melhor em determinados perfis de ambiente e rotina. “A begônia-rex chama atenção pelo contraste entre o tom arroxeado e os veios prateados ou rosados. Já a calathea tem folhas com padrões mais gráficos, em verde, vinho e até tons alaranjados, o que cria um efeito ornamental diferente, mais suave e texturizado”, explica. A escolha ideal, portanto, depende tanto do estilo visual desejado quanto das condições do espaço.
Begônia-rex
Originária de regiões tropicais da Ásia, a begônia-rex é uma planta híbrida conhecida por sua beleza cênica. Suas folhas amplas e assimétricas podem apresentar uma verdadeira paleta de tons entre o roxo, prata, verde, vermelho e até azul-acinzentado — sempre com texturas marcadas e um brilho metálico característico. Por isso, não é à toa que ela aparece com frequência em projetos que priorizam a estética sofisticada e um toque mais dramático no interior.

No entanto, a beleza dessa planta vem acompanhada de algumas exigências. A begônia-rex prefere ambientes úmidos e com boa circulação de ar, mas não tolera vento direto nem sol intenso. “É uma planta sensível ao excesso de água. O substrato precisa estar levemente úmido, mas nunca encharcado. Além disso, o vaso deve ter boa drenagem, de preferência com camada de argila expandida no fundo”, orienta Marina.
Outro cuidado essencial é com a iluminação. A begônia se desenvolve melhor em ambientes com luz indireta filtrada, como próxima a janelas voltadas para o leste. Também não tolera mudanças bruscas de temperatura, sendo mais indicada para interiores protegidos. Em climas secos, borrifar água ao redor da planta ajuda a manter a umidade sem molhar as folhas diretamente — o que pode causar manchas e apodrecimento.
Calathea
A calathea, por sua vez, é uma planta nativa das florestas tropicais da América do Sul e tem crescido em popularidade graças à sua combinação entre resistência e apelo estético. Seus padrões geométricos nas folhas lembram pinceladas artísticas — muitas vezes com tons de verde-escuro e claro, vinho, bordô e até traços brancos — e têm a vantagem de manter o frescor visual o ano todo, mesmo quando a planta não está em crescimento ativo.

“Ela é uma excelente escolha para quem busca uma planta tropical, mas não quer se preocupar tanto com umidade constante”, afirma o engenheiro agrônomo e paisagista Fábio Monteiro, especialista em plantas para interiores tropicais. De acordo com ele, a calathea aceita ambientes com meia-sombra e cresce bem mesmo em áreas menos ventiladas, desde que o solo seja leve e enriquecido com matéria orgânica.
Apesar de sua aparência robusta, a calathea também gosta de solo úmido — mas, assim como a begônia-rex, não tolera encharcamento. O ideal é regar quando o topo da terra estiver seco ao toque. Uma curiosidade é que as folhas dessa planta se movimentam sutilmente ao longo do dia, fechando-se discretamente ao anoitecer em um comportamento conhecido como “movimento nictinástico”.
Outro diferencial é a variedade de espécies e cultivares de calathea disponíveis no mercado, como a Calathea orbifolia, com folhas largas e listras prateadas, ou a Calathea lancifolia, que apresenta bordas onduladas e desenhos marcantes. Essa diversidade permite composições com múltiplas texturas, criando verdadeiros “quadros vivos” em salas, halls ou varandas cobertas.
Qual escolher para seu jardim interno?
Se a ideia é criar um espaço marcante, com protagonismo visual imediato, a begônia-rex é a aposta ideal — desde que o ambiente ofereça umidade e luminosidade na medida certa. Por outro lado, quem prefere uma planta tropical que exija menos cuidados e que traga leveza natural com charme contínuo pode se encantar pelas calatheas.
Além disso, ambas convivem bem em composições tropicais com outras espécies como marantas, peperômias e antúrios, criando verdadeiros jardins internos exuberantes. “O segredo está em observar o ambiente e entender qual planta vai se adaptar melhor, sem forçar uma estética que não condiz com as condições do local”, finaliza Marina Azevedo.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.