A jiboia (Epipremnum pinnatum) é, sem dúvida, uma das plantas mais queridas por quem busca verde em casa com pouco esforço. Famosa por sua resistência e beleza escultural, essa trepadeira tropical tem ganhado espaço em vasos, prateleiras, paredes e até lavabos. Mas o que poucos sabem é que multiplicar essa planta pode ser mais simples — e mais gratificante — do que parece.
De forma natural, a jiboia já demonstra sua vocação para a propagação: seus longos caules, repletos de nós e raízes aéreas, indicam que ela está sempre pronta para gerar novas plantas. Basta um pouco de atenção ao corte e ao ambiente certo, e em pouco tempo, você terá um novo vaso cheio de folhas exuberantes.
Como a jiboia se multiplica e o que observar antes do corte
Segundo a bióloga e paisagista Mariane Costa, a jiboia se reproduz por estaquia, um método onde se retira um pedaço do caule com pelo menos um nó — essa pequena protuberância é onde a nova raiz vai nascer.
“É importante escolher um ramo saudável, com folhas firmes e cor vibrante. O nó precisa estar íntegro, pois é ali que toda a mágica acontece”, explica.
Essa técnica pode ser feita tanto diretamente no solo quanto em recipientes com água. A escolha entre um ou outro vai depender do efeito que se deseja alcançar e da paciência de quem cultiva. Na água, é possível acompanhar o crescimento das raízes, o que costuma ser fascinante, especialmente para iniciantes. Já na terra, o enraizamento costuma ser mais estável a longo prazo, embora exija um pouco mais de atenção no início.
Propagando na água: delicadeza e paciência com retorno garantido
Para quem opta por propagar a jiboia na água, o ideal é utilizar um recipiente de vidro transparente, como um copo ou garrafa, que permita observar o desenvolvimento das raízes.

“A água deve ser trocada a cada três dias, no máximo. Isso evita o acúmulo de microrganismos e garante oxigenação às raízes”, orienta o engenheiro agrônomo Vitor Marques, especialista em cultivo ornamental.
Em ambientes com luz indireta e temperatura amena, as raízes costumam surgir entre 10 e 20 dias. Quando estiverem com pelo menos 4 a 5 centímetros, é possível transferi-las para um vaso com substrato leve, rico em matéria orgânica e com boa drenagem. Ainda assim, há quem prefira manter a jiboia permanentemente na água, o que também é viável, desde que se faça uma manutenção rigorosa da qualidade do líquido e que se adicione, de tempos em tempos, nutrientes próprios para hidroponia.
Propagando na terra: enraizamento direto com firmeza
Quem opta por plantar diretamente no solo deve preparar um substrato aerado, com terra vegetal misturada a húmus de minhoca e um pouco de perlita ou casca de arroz carbonizada. Enterre o nó de forma superficial, mantendo ao menos uma folha exposta.

“Evite sol direto e regue com frequência nos primeiros dias, mantendo o solo sempre úmido, mas nunca encharcado”, ressalta Vitor.
O crescimento na terra costuma ser mais estável, e as raízes desenvolvem-se de forma mais adaptada ao ambiente terrestre. Outra dica importante é cobrir o vaso com plástico transparente nos primeiros dias, como se fosse uma miniestufa, para manter a umidade e estimular o enraizamento.
Cuidados após o plantio e como garantir um bom desenvolvimento
Independentemente do método escolhido, é fundamental que a muda receba luminosidade indireta — luz demais pode queimar as folhas novas, enquanto luz de menos pode retardar o crescimento. Uma vez que a planta comece a se desenvolver, o ideal é observar seu comportamento: folhas amareladas podem indicar excesso de água; já a falta de crescimento pode estar relacionada à carência de luz ou nutrientes.
Se o objetivo for criar um visual mais cheio, como em um cachepô suspenso ou em um canto da sala, recomenda-se plantar mais de uma muda no mesmo vaso, criando densidade desde o início. A jiboia é uma planta tropical, e por isso se adapta bem a ambientes internos, desde que não haja correntes de ar frio nem excesso de secura. Ao longo do tempo, podas estratégicas podem ajudar a controlar o tamanho e incentivar a ramificação. E o melhor: cada vez que você podar, surgem novas oportunidades de propagar.
“É uma planta generosa, que retribui com beleza e praticidade. Por isso é tão querida nos lares brasileiros”, finaliza Mariane.

Autora convidada, Ivani K. é uma paisagista e jardineira com mais de 30 anos de experiencia, apaixonada por criar espaços que vão além da estética. Seus posts são informativos, criativos e motivadores, ajudando as pessoas a criarem seus próprios oásis verdes.