Cuidar de plantas é um verdadeiro ato de amor, mas até quem tem mãos verdes se depara, vez ou outra, com um visitante indesejado: a cochonilha. Pequena, discreta e sorrateira, ela parece inofensiva, até que você se aproxima e percebe que não está sozinha. De repente, aquela folha que ontem parecia perfeita está tomada por pequenos pontinhos brancos, marrons ou acinzentados. E, quando se vê uma, pode ter certeza — há uma verdadeira colônia escondida ali.
O problema das cochonilhas é que elas se multiplicam de forma silenciosa e muito rápida, sugando a seiva das plantas e comprometendo desde a beleza até a saúde da espécie. Segundo a paisagista Renata Guastelli, essa praga é uma das mais comuns em ambientes domésticos, especialmente em plantas de interiores e suculentas. “O grande perigo está na demora em perceber. Quanto mais tempo elas ficam, mais difícil se torna controlar e mais enfraquecida a planta fica”, alerta.
Além disso, é importante entender que existem diferentes tipos de cochonilhas: farinhenta, de carapaça, vírgula, cerosa, ortézia… embora sejam visualmente diferentes, todas causam os mesmos danos, já que se alimentam da seiva. As folhas começam a amarelar, perder o brilho, murchar e, nos casos mais graves, podem até cair.
Como acabar com as cochonilhas de forma eficiente e natural
Felizmente, o combate pode ser muito mais simples do que parece, e o melhor: sem recorrer a produtos tóxicos. A engenheira agrônoma Marina Peçanha, especialista em manejo de pragas urbanas, explica que um método eficaz está justamente em algo que todo mundo tem em casa — sabão de coco e uma escovinha.

Funciona assim: com a planta seca, umedeça uma escova de dentes macia em água, esfregue no sabão de coco e aplique diretamente sobre as folhas afetadas. O atrito da escova remove fisicamente as cochonilhas, enquanto o sabão quebra a camada cerosa que protege esses insetos, eliminando-os de forma natural.
Se a planta tiver folhas mais sensíveis, como violetas ou algumas espécies de suculentas, a dica é substituir a escova por uma esponja macia, sempre cuidando para não danificar a superfície da folha. Em plantas mais rígidas, como cactos e algumas bromélias, a estratégia inclui usar um pedaço de papelão ou espuma para segurar a planta sem se ferir, enquanto faz a limpeza. Após a remoção, é fundamental enxaguar bem toda a planta, para retirar qualquer resquício de sabão.
O segredo está na prevenção
Embora esse método resolva infestações rapidamente, é importante lembrar que cochonilhas costumam aparecer quando a planta está fragilizada. De acordo com Marina, a deficiência de cálcio é uma das principais portas de entrada para esse problema. “Uma planta bem nutrida dificilmente será atacada. O cálcio, em especial, fortalece as paredes celulares, deixando a planta mais resistente a pragas”, explica.
Por isso, além da limpeza manual, inclua na rotina uma adubação balanceada, rica em cálcio e micronutrientes, e fique atento aos sinais de estresse, como folhas amareladas, murchas ou com manchas. Outro ponto essencial é manter uma boa circulação de ar ao redor das plantas e evitar locais abafados, que favorecem tanto cochonilhas quanto outros tipos de pragas.
Aliás, quanto mais cedo você perceber os primeiros sinais e agir, menores serão os danos e maiores as chances de ver suas plantas se recuperando rapidamente — saudáveis, vistosas e livres desses indesejáveis visitantes.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.