No universo das plantas raras e exóticas, poucas espécies despertam tanta admiração quanto a rainha-do-abismo (Sinningia leucotricha). Exclusiva do estado do Paraná, essa planta pertence à família Gesneriaceae, a mesma das violetas e gloxínias, e se destaca pelo contraste marcante entre sua folhagem prateada e suas flores vibrantes. Com um ciclo de dormência bem definido e um crescimento surpreendente a cada primavera, ela conquista desde colecionadores até paisagistas que buscam um toque especial para seus projetos.
Para a paisagista Fernanda Guimarães, a Sinningia leucotricha representa um verdadeiro tesouro botânico. “A textura prateada de suas folhas e a estrutura suculenta do cáudice fazem dela uma das plantas mais sofisticadas do paisagismo brasileiro. Seu visual único adiciona elegância tanto a jardins quanto a composições em vasos”, afirma.
O charme prateado da Sinningia leucotricha
A característica mais impressionante dessa planta é, sem dúvidas, o cáudice volumoso, uma estrutura suculenta que armazena água e nutrientes, permitindo sua sobrevivência em períodos secos. Essa adaptação faz da rainha-do-abismo uma espécie extremamente resistente, exigindo pouca manutenção.

Suas folhas são cobertas por uma penugem branca que reflete a luz, conferindo um brilho prateado único. Esse detalhe, além de ser um atrativo visual, também tem uma função importante: ajuda a reduzir a perda de umidade, protegendo a planta contra a desidratação. Quando a primavera chega, a dormência dá lugar a um espetáculo natural – brotam folhas renovadas e flores tubulares em tons alaranjados, que contrastam lindamente com o prateado das folhas.
O engenheiro agrônomo Ricardo Menezes destaca a importância dessa fase de renovação da planta. “O ciclo de dormência da Sinningia leucotricha é essencial para seu crescimento saudável. Durante o inverno, ela conserva energia em seu cáudice, e na primavera renasce com força total, oferecendo uma das florações mais impressionantes entre as Gesneriaceae”, explica.
A origem do nome e curiosidades sobre a espécie
O gênero Sinningia recebeu esse nome em homenagem a Wilhelm Sinning (1792-1874), um jardineiro alemão responsável por estudos importantes sobre hibridização de plantas ornamentais. Já o epíteto específico leucotricha vem do grego, onde leuco significa “branco” e tricha quer dizer “pelo”, uma referência à penugem prateada que recobre suas folhas.
O engenheiro agrônomo Ricardo Menezes ressalta o valor ornamental e botânico da espécie. “A Sinningia leucotricha não é apenas uma planta de beleza rara, mas também um excelente exemplo da diversidade da flora brasileira. Seu crescimento cíclico e sua resistência fazem dela uma espécie muito apreciada por colecionadores e paisagistas”, destaca.
Como cultivar a Rainha-do-Abismo
Apesar de seu visual exuberante, a Sinningia leucotricha é uma planta de fácil cultivo, desde que algumas condições sejam respeitadas. Seu crescimento ocorre em ciclos bem definidos, e compreender suas necessidades é fundamental para garantir um desenvolvimento saudável.
Luminosidade e substrato
Essa espécie se adapta bem tanto ao sol pleno quanto à meia-sombra, mas em locais de clima quente, é indicado protegê-la do sol direto nas horas mais intensas. Em ambientes internos, deve ser posicionada perto de janelas bem iluminadas, garantindo uma boa circulação de ar.
Quanto ao solo ideal para a rainha do abismo prosperar, ele precisa ser bem aerado, rico em matéria orgânica e altamente drenante. Nesse caso, é recomendado o uso de misturas com terra vegetal, areia grossa, perlita e fibra de coco para garantir a oxigenação das raízes e evitar o acúmulo excessivo de umidade.
Rega e umidade
Devido ao seu cáudice suculento, a Sinningia leucotricha tolera períodos secos, exigindo rega moderada. Durante a fase de crescimento ativo, regue apenas quando o substrato estiver completamente seco. No período de dormência, reduza drasticamente a irrigação para evitar que a planta apodreça.
Para a paisagista Fernanda Guimarães, a atenção às regas é um dos pontos-chave do cultivo. “O erro mais comum no cuidado com a Sinningia leucotricha é o excesso de água. Como qualquer planta de cáudice, ela precisa que o substrato seque completamente entre as irrigações para evitar problemas como o apodrecimento das raízes”, alerta.
A autora Mel Maria, é dona de floricultura, apaixonada por plantas e jardinagem, que dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.