Em meio à exuberância da flora brasileira, há uma planta que se destaca tanto pela beleza quanto pelo valor histórico e produtivo: o urucum. Chamado de “ouro vermelho” por sua intensa coloração e múltiplos usos, o arbusto tropical vai muito além do corante conhecido na culinária. Ele pode ser um verdadeiro coringa em quintais produtivos, hortas domésticas e até em projetos paisagísticos com apelo nativo.
De nome científico Bixa orellana, o urucum é nativo da Amazônia e se espalhou por diversas regiões tropicais do mundo. Ainda assim, é no Brasil que ele encontra solo fértil – literal e simbolicamente – para prosperar como planta de grande importância cultural, econômica e ornamental. Suas sementes, cobertas por uma cápsula espinhosa de tom vermelho-alaranjado, são utilizadas desde os tempos pré-coloniais por povos indígenas como pigmento corporal, repelente natural e remédio fitoterápico.
A engenheira agrônoma Amanda Prado, especialista em agricultura agroecológica, reforça o caráter multifuncional da planta: “O urucum é um exemplo claro de como podemos unir beleza, funcionalidade e tradição em um só cultivo. Ele se adapta bem a diversos tipos de solo, atrai polinizadores e ainda entrega uma produção com alto valor comercial”, comenta.
Uma planta com presença marcante e fácil de cultivar
Com porte arbustivo ou de pequeno porte arbóreo, o urucum atinge até quatro metros de altura e pode ser cultivado em áreas urbanas, zonas rurais e até mesmo em grandes vasos. A floração ocorre de forma abundante, com pétalas delicadas em tons de rosa-claro ou branco, que antecedem o surgimento das cápsulas avermelhadas onde ficam as sementes pigmentadas.

Além do apelo visual, o urucum é valorizado por sua rusticidade. “É uma planta extremamente resistente, que tolera bem o sol pleno e períodos moderados de estiagem. No entanto, seu desempenho melhora quando cultivada em solo fértil, com boa drenagem e regas regulares nos primeiros meses após o plantio”, orienta o biólogo e paisagista Leonardo Tavares.
A recomendação, segundo os especialistas, é iniciar o cultivo com mudas formadas a partir de sementes ou estacas. Em projetos paisagísticos, o urucum se encaixa bem em jardins tropicais, canteiros de fundo e como ponto focal em áreas com temática indígena ou regional.
Valor comercial e sustentabilidade no mesmo arbusto
Um dos grandes atrativos do urucum está na sua colheita. As sementes são ricas em bixina, substância antioxidante e corante natural de coloração intensa, usada tanto na indústria alimentícia quanto em cosméticos, medicamentos e tinturas. E o melhor: o processo de extração é simples e pode ser feito de forma artesanal, o que amplia o acesso ao cultivo doméstico e de pequenos produtores.

Por conta disso, o urucum tem sido cada vez mais incluído em quintais produtivos, escolas rurais, hortas comunitárias e pomares agroecológicos. A planta contribui para a geração de renda e também para a preservação de saberes tradicionais. “É um cultivo que conversa com sustentabilidade, resgate cultural e biodiversidade. Quem planta urucum está valorizando a terra em várias camadas”, afirma Amanda Prado.
Outra vantagem do cultivo é a ausência de grandes exigências nutricionais. Uma adubação leve com composto orgânico, húmus de minhoca ou farinha de ossos já é suficiente para estimular o desenvolvimento saudável. E, ao contrário de culturas mais exigentes, o urucum praticamente não sofre com pragas ou doenças, sendo uma excelente opção para quem deseja um jardim produtivo com baixa manutenção.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.
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