A paisagem agrícola do Tocantins começa a se transformar a partir de 1º de julho. Nesse dia, começa oficialmente o vazio sanitário da soja, medida que proíbe a existência de plantas vivas da cultura nos campos — sejam cultivadas ou voluntárias — até 30 de setembro. A iniciativa, liderada pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adapec), tem como principal objetivo controlar um dos maiores vilões da produtividade da soja no Brasil: a ferrugem asiática.
De acordo com Cleovan Barbosa, responsável técnico pelo Programa Estadual de Ferrugem Asiática, a pausa obrigatória no cultivo é estratégica. “Durante esses três meses, a Adapec continuará monitorando e fiscalizando as áreas cultivadas para garantir a eliminação total de plantas vivas no campo”, explica. O foco é quebrar o ciclo biológico do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença, que sobrevive em restos culturais e em plantas de soja que brotam espontaneamente entre safras.
Por que o vazio sanitário é tão necessário?
A ferrugem asiática é considerada uma das doenças mais devastadoras da sojicultura moderna. Altamente agressiva, ela se dissemina com rapidez através do vento e provoca desfolha precoce nas plantas, comprometendo o enchimento dos grãos e, por consequência, gerando prejuízos severos à colheita. Por isso, o vazio sanitário é adotado como ferramenta fitossanitária essencial em diversos estados produtores.

Ao eliminar as chamadas plantas voluntárias — que germinam de grãos perdidos na colheita anterior — o produtor evita a manutenção de um “elo verde” que poderia manter o fungo ativo no ambiente. A responsabilidade pela remoção é exclusivamente do agricultor, que deve utilizar métodos químicos ou mecânicos para assegurar o controle completo da área. O descumprimento da norma pode gerar penalidades previstas em lei.
Exceções previstas pela legislação
Apesar da rigidez da regra, a legislação abre brechas para usos específicos. Pesquisas científicas, produção de sementes para uso próprio e experimentos acadêmicos estão entre os casos permitidos durante o vazio sanitário, desde que autorizados previamente. Essas exceções se concentram, principalmente, nas planícies tropicais irrigadas por subirrigação, onde o manejo é mais controlado e monitorado.
A relevância do Tocantins na sojicultura brasileira
A importância do Tocantins no cenário da produção de soja se confirma nos números. Na safra 2024/2025, o estado registrou uma área plantada de 1,415 milhão de hectares, distribuídos por 2.705 propriedades cadastradas na Adapec. Com um clima que favorece o cultivo e uma logística em expansão, a região é cada vez mais estratégica no mapa da agricultura nacional.
Segundo Cleovan Barbosa, a adesão ao vazio sanitário tem crescido entre os produtores, que já compreendem o papel preventivo da medida. “É uma ação coletiva de grande impacto, que protege não só as lavouras locais, mas contribui com toda a cadeia de produção nacional”, reforça.
Prevenção como parte do ciclo produtivo
Além de seguir a legislação, o agricultor que respeita o vazio sanitário investe diretamente na sustentabilidade do seu negócio a longo prazo. Sem a interrupção, o fungo causador da ferrugem asiática encontra abrigo para sobreviver, tornando o controle químico mais difícil — e mais caro. O resultado pode ser não apenas uma perda de produtividade, mas também um aumento da dependência de fungicidas e da pressão por resistência.
Como destaca o engenheiro agrônomo da Adapec, o momento é de vigilância e compromisso. “A ferrugem não dá trégua, por isso o monitoramento, a eliminação completa das plantas vivas e o cumprimento do vazio são ações fundamentais para garantir uma próxima safra mais segura”, afirma Barbosa.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.
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