O mercado do milho atravessa um momento decisivo, e o pano de fundo da geopolítica global promete mudar a rota que muitos produtores e investidores esperavam para a safra atual. Após o início da colheita da segunda safra, os preços do grão vinham cedendo lentamente tanto na Bolsa de Chicago quanto no mercado interno, pressionados por um avanço irregular da colheita e pelo excesso de produto que começava a surgir no campo.
Entretanto, a recente escalada das tensões no Oriente Médio agitou os mercados globais e provocou uma alta expressiva nas cotações do petróleo — o que já começa a repercutir positivamente para as usinas que produzem etanol a partir do milho.
Petróleo em alta dá fôlego às usinas e anima o mercado
Com o preço do barril disparando, a produção de etanol de milho volta a ganhar competitividade e espaço, criando uma demanda inesperada que ajuda a absorver parte da oferta nacional. Como explica a analista da plataforma Grão Direto em relatório recente, esse movimento pode servir como um amortecedor para a queda acentuada que o milho vinha enfrentando. “Esse estímulo ao consumo interno, mesmo que temporário, pode segurar os preços num patamar mais saudável para o produtor num momento em que a colheita acelera”, afirma o documento da Grão Direto.
Colheita lenta e clima instável elevam as incertezas
Esse cenário global encontra o campo em plena colheita da segunda safra, que segue em ritmo mais lento que o habitual. Dados atualizados apontam que apenas 14% da área foi colhida até 20 de junho, muito distante da média histórica para o período, que supera os 26%, e também do avanço visto no ano passado. Como lembra o relatório da Grão Direto, este é um dos menores índices já registrados para essa época, o que aumenta a preocupação quanto à capacidade do setor em escoar a safra a tempo.
Além disso, chuvas previstas para os principais estados produtores – Mato Grosso, Goiás, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul – devem atrapalhar os trabalhos de colheita nos próximos dias, elevando a umidade dos grãos e comprometendo a qualidade. “Esse excesso de umidade pode trazer desafios logísticos e encarecer o processo de secagem e armazenamento. É preciso que os produtores estejam atentos para evitar perdas”, observa o engenheiro-agrônomo Marcelo Ribeiro.
Demanda aquecida pode conter queda nos preços
Enquanto a pressão causada por uma safra cheia continua, o “respiro” vindo das usinas pode atenuar a queda. Com o petróleo sustentando patamares elevados e o consumo de etanol nacional em crescimento, o milho ganha um suporte inesperado num momento estratégico. Isso porque a estrutura logística nacional já enfrenta um excesso de produto estocado e o ritmo das exportações precisa se ajustar.
O que se espera agora, portanto, é que o mercado permaneça volátil, refletindo tanto as condições climáticas quanto os desdobramentos do cenário internacional. Como aponta o relatório da Grão Direto, essa recuperação da demanda por milho para etanol, embora pontual, poderá evitar perdas maiores para os produtores num momento em que todos os olhos estão voltados para o campo e para o mundo.

Mel Maria, é proprietária da floricultura Mel Garden e apaixonada por plantas e jardinagem, dedica sua vida ao estudo e cultivo de uma variedade de espécies botânicas. Sua paixão pela natureza a levou a se tornar autora do site e uma jardinista experiente, cujo conhecimento é compartilhado com os leitores.
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